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Transição

Após seis anos, Acapra terá nova presidência e troca de diretoria

Presidente Lilian Dressel e maior parte da atual diretoria da ONG deixam os cargos. Falta de apoio e desgaste estão entre fatores que levaram à decisão

Publicado em 22/03/2019 às 07:59

(Foto: Arquivo pessoal/ Divulgação)

Membros da diretoria e voluntários com mais tempo de atuação na Acapra deixam o comando da entidade nos próximos meses. A decisão foi tomada em conjunto pelos membros e seis novas pessoas são preparadas para assumir a liderança dos trabalhos assim que os trâmites burocráticos sejam finalizados. Em média, o novo grupo atua há pouco mais de seis meses na rotina da ONG voltada à causa animal.


Da atual diretoria, penas uma voluntária vai permanecer no grupo. Segundo a atual presidente, Lilian Dressel, a falta de ajuda e comprometimento do Poder Público com a atuação da ONG, além do desgaste pesaram na decisão. Ela é voluntária há sete anos e presidente há, pelo menos seis. No período, as limitações financeiras e de pessoal acompanharam a trajetória do grupo. Para manter os trabalhos desenvolvidos sempre foi preciso realizar ações e recorrer à doações.


“Infelizmente entra gestão e sai gestão e não apareceu nenhum governo municipal preocupado com a causa animal, especificamente falando aqui, de cães e gatos. Infelizmente nosso poder público vê esse trabalho sem importância. As palavras quando ditas são lindas, porém o que existe de projeto concreto para ajudar uma ONG que sobrevive de doações da população? Nada”, pontua.


Exemplifica com o contato recorrente que é feito com outras cidades, onde a castração de cães a gatos sem raça definida é custeada pelo poder público. Para ela, o benefício deveria ser direito dos animais destinados à adoção, como forma de evitar o descontrole nas populações de rua.


Futuro da ONG

A tendência, segundo ela, é que seja mantida a proximidade com a ONG. Lilian espera continuar com o auxílio nas ações e orientando a nova diretoria, mas ressalta a necessidade do novo grupo criar uma independência própria. Entre os desafios do grupo está a mobilização de voluntários.


Uma das formas encontradas para tentar superar a limitação de pessoal foi a um grupo de WhatsApp, que conta com mais de 100 pessoas. Apesar da iniciativa, poucos participam das feirinhas organizadas para pela ONG. “Infelizmente nós não somos educados, pelas escolas e pelos nossos pais a fazermos trabalho voluntário, então são poucas pessoas que deixam o sofá de lado num domingo pra ajudar”.


A ONG existe desde 1999 e mantém uma média de 100 animais em lares temporários, além de atender casos de urgência no seu dia a dia. Segundo ela, é difícil controlar os números de forma mais precisa devido a falta de voluntários. Todos recebem alimentação, medicamento e passam pelos tratamentos necessários. Nos casos das fêmeas adultas ainda é feita a castração.


Custos do trabalho

Para manter as atividades da Acapra foi necessário R$ 20 mil por mês, em média, no ano passado. No valor estão contabilizadas atendimentos com veterinário, cirurgias, medicamentos e necessidades diárias. Sem renda fixa mensal, parte das pendências acumularam e levou a uma pendência estimada em R$ 40 mil.


“É impossível trabalhar da forma que trabalhamos e não gerar pendências. As clínicas que atendem os animais da Acapra entendem nossa situação e sabem que não temos os valores totais para pagamentos mensais, então vamos marcando na nossa conta”, detalha a presidente.


Como forma de não parar os serviços, arrecadações são feitas com eventos, rifas, festas, venda de adesivos, calendários, camisetas. O grupo também arrecada doações por doações debitadas pela conta de água, cofrinhos instalados no comércio e depósitos pela conta corrente.


Situação controlada

Entre as voluntárias mais antigas com atuação regular está Catia Pereira. Ela também acumula o posto de segunda tesoureira da ONG. Com a experiência acumulada pelos mais de cinco anos e meio dedicação ao trabalho da Acapra, ela minimiza os efeitos das pendências, caso haja um controle efetivo do valor.


Segundo ela, há alguns anos, situações semelhantes levaram a Acapra a ter uma dívida superior aos R$ 100 mil. Na época, a situação foi revertida com a mobilização de voluntários para ações de arrecadação.


Na avaliação de Catia, a decisão de se trocar a diretoria da entidade também foi reflexo do cansaço do grupo e a necessidade de cada um em se dedicar também à projetos pessoais. “Tu tira seu tempo e abre mão de atividades, do convívio da família para se dedicar a ONG”.


Ela descarta abandonar a causa animal e afirma acreditar ser possível auxiliar mais como voluntária das atividades. Desde o início da atuação, ela destaca as mudanças de demandas e planos na condução da ONG, assim como do momento pessoal dos voluntários. Segundo Catia, o trabalho da Acapra também precisava de novas ideias e que a expectativa com os novos diretores é boa, justamente pelo perfil do grupo.

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