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DE TÓQUIO A BRUSQUE

Conheça a história de japonês que casou com brusquense e adotou cidade como lar

Em Brusque há 18 anos, Fumito Nakao tem dois filhos e esposa nascidos em Brusque

Publicado em 13/09/2023 às 13:56
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(Foto: Arquivo pessoal)

(Foto: Arquivo pessoal)

Desde 2005 em Brusque, o japonês Fumito Nakao adotou Brusque como lar. De jeito e fala serena, típicas da cultura japonesa, ele é casado com uma brusquense e formou família na cidade.

Nascido e criado em Tóquio, Nakao viveu em seu país de origem até os 24 anos de idade. Durante esse período, ele se formou em Design Gráfico e Publicidade, em uma época favorável economicamente para a nação oriental. “A economia do Japão era a segunda maior do mundo, por isso tive oportunidade de acesso para melhores técnicas de design, tecnologia de informações, o que me ajudou bastante a ter uma visão de planejamento de projetos e criação”, conta.

No Japão, onde o beisebol é o esporte mais popular, ele se apaixonou pelo futebol após sua mãe o matricular em uma escolinha, onde o professor era brasileiro. Em 1992, uma liga profissional de futebol foi criada no Japão, atraindo jogadores estrangeiros famosos, incluindo ícones brasileiros como Zico, Leonardo e Dunga. Esse movimento visava popularizar o futebol no Japão e trouxe uma maior exposição à cultura brasileira nas mídias japonesas. “Mesmo querendo conhecer outros países, naquela época não tinha muita informação. A profissionalização do Campeonato Japonês ajudou a divulgar a cultura brasileira e me fez ter curiosidade sobre o país”, revela Nakao.

Finalmente, em 1994, ele chegou ao Brasil, justamente quando o país implementava o Plano Real para estabilizar sua economia. A Embaixada do Brasil em Tóquio aconselhou esperar até que o plano fosse efetivo, evitando flutuações cambiais devido à hiperinflação.

Durante 11 anos, Nakao viveu em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, antes de receber um convite para trabalhar em Brusque em 2005.

Adaptação ao Brasil

A adaptação de Fumito Nakao ao Brasil foi marcada por desafios com o idioma. A transição para uma nova cultura, incluindo comida e costumes, foi relativamente tranquila. No entanto, a barreira linguística provou ser um desafio considerável. Não saber falar português no início foi uma experiência dolorosa para ele. Nakao carregava dois dicionários consigo: um de Português para Japonês e outro de Japonês para Português. “Se fosse hoje em dia, um smartphone e um aplicativo de tradução já resolveria. Eu sempre andava com papel e caneta. Como eu desenhava, explicava e perguntava as coisas para pessoas em desenhos e quando pude, pedia para escrever em português, assimcoletava as palavras e conferia no dicionário. Parece coisa de 100 anos atrás, mas em um mundo sem tecnologia, foi a melhor forma de aprender”, reconhece Nakao.

Chegada a Brusque

Foi em Brusque que Fumito Nakao conheceu sua esposa, Flávia, nativa da cidade. Eles se conheceram uma escola de informática há 16 anos e estão casados há 13, tendo dois filhos, Alice de 11, e Gabriel, de 6. A decisão de enraizar e construir uma família em um país distante do Japão não foi fácil. Ele teve que enfrentar a diferença cultural, o sentimento de insegurança por viver como estrangeiro e a saudade de sua família de origem. No entanto, encontrou apoio e calorosas boas-vindas na família da esposa, que o acolheu da melhor forma. “Nossos filhos são uma fonte de felicidade e cada momento aqui é uma aprendizagem e uma experiência única”, assegura.

Uma das características que o japonês valoriza em Brusque é sua localização estratégica. A cidade oferece fácil acesso ao litoral e a outras cidades, tornando-a uma base prática para explorar a região. “Também destaco a segurança da cidade, que não tem como comparar com outras, espero que continue assim. Só sinto falta de acesso a produtos e alimentos asiáticos, mas isso é de menos”, observa Nakao.

Ele trabalha atualmente no ramo de desenvolvimento de sites empresariais e sistemas web na MLBC Comunicação Digital, coordenando projetos de sites para empresas da região e de outros estados.

Última vez no Japão

Há 9 anos, Nakao e sua família visitaram o Japão pela última vez. A longa distância e a jornada cansativa de aproximadamente 30 horas de viagem tornam as visitas presenciais difíceis e raras. Para se comunicar com seus familiares no país de origem ele utiliza o aplicativo LINE, semelhante ao WhatsApp. Isso permite que eles se conectem instantaneamente, compartilhem mensagens, fotos e até mesmo façam chamadas de vídeo. “É difícil combinar o melhor horário para conversarmos, já que são doze horas de fuso horário. Normalmente combinamos de nos falarmos no final de semana”, finaliza.


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