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Denúncias: em Brusque, adolescentes expõem no Twitter casos de abuso sexual

Ao Portal da Cidade Brusque, meninas contam diversas situações envolvendo assédio, abuso sexual e bebidas alcoólicas

Publicado em 25/05/2020 às 05:15
Atualizado em

(Foto: Ilustração/Portal da Cidade Brusque)

Nos últimos dias houve uma movimentação incomum entre os jovens brusquenses no Twitter. Em meio ao Maio Laranja, mês de prevenção ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes, diversos internautas, em sua maioria adolescentes do sexo feminino, tomaram coragem e expuseram casos de assédio e abuso na rede social, supostamente cometidos por outros jovens.

Tudo começou na semana passada em uma reunião social entre amigos que resultou em confusão entre os participantes. Segundo apurado por Portal da Cidade Brusque, um grupo de jovens do sexo masculino começou a proferir palavras de baixo calão para uma adolescente presente. Revoltada, ela decidiu expor no Twitter a situação ofensiva pela qual havia acabado de passar.

Com isso, outra menor de idade enviou uma mensagem para a vítima anterior. Esta acabou contando que também já havia sofrido algum tipo de assédio ou incitação a realização de atos sexuais, contra a vontade, por um dos jovens citados. Isso enquanto estava alcoolizada.

Com permissão, a garota publicou, também no Twitter, o relato desta segunda adolescente. Assim, iniciou uma força-tarefa, onde mais casos de assédio e os próprios supostos praticantes acabaram sendo expostos. As denúncias atingem pessoas do sexo masculino maiores e menores de idade.

A repercussão não foi só em Brusque. Na mesma época, em Florianópolis, diversas mulheres também publicaram seus relatos na rede social, manifestando indignação e sede de justiça pelos atos que as atormentam até hoje.

Inclusive, um vídeo com uma voz de fundo falando enquanto diversas imagens de mensagens de denúncias de assédio e abuso sexual rodavam ao longo do vídeo, foi publicado pelos moradores da capital do estado. Figuras públicas, como a médica e ex-participante do Big Brother Brasil 2020, Marcela Mc Gowan, tiveram conhecimento do vídeo e retweetaram (compartilharam) o conteúdo.


Foto: Twitter/Reprodução

Internautas de Brusque também produziram um vídeo com denúncias. O material teve grande repercussão. O objetivo do conteúdo foi expor os autores dos antigos assédios e abusos cometidos, rendendo elogios e críticas.

Os relatos

Portal da Cidade Brusque colheu relatos que foram autorizados pelas adolescente a serem publicados. Porém, em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca), os nomes não serão divulgados. Da mesma forma, em respeito ao princípio de presunção de inocência, a identidade dos supostos assediadores e abusadores também não serão reveladas.


Na época, ela tinha 13 anos.


Na época, ela tinha 16 anos.


Ela tem 17 anos


Na época, ela tinha 16 anos.

Diversos relatos foram publicados em uma thread, no Twitter, que é uma espécie de texto com grande continuidade e que geralmente conta uma história. Também, a hashtag #nóstemosvozbq foi levantada.

Não divulgados

A taxa de mulheres que sofrem caladas é grande. Inclusive, algumas preferiram não se manifestar no Twitter, mas expuseram seus relatos para publicação do Portal da Cidade Brusque.

Uma adolescente, que na época estava com 13 anos, divulgou uma história que havia sofrido relacionado a abuso sexual.


13 anos...

Como denunciar

Além dos casos de assédio, é possível notar uma parcela de adolescentes menores de idade fazendo uso excessivo de bebidas alcoólicas.

O Portal da Cidade Brusque buscou contato com o delegado Matusalém Júnior de Morais Machado, responsável pela Delegacia Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) de Brusque.

Ele afirmou que, até então, a polícia não tinha conhecimento das situações expostas pelas brusquenses no Twitter, apenas pelos moradores da capital catarinense.

Para auxiliar as vítimas, o delegado disse que existem diversas formas de como as denúncias podem ser feitas. “Pode ser realizado um boletim de ocorrência aqui na delegacia. Se for menor de idade, deve vir acompanhado pelo responsável. A pessoa pode também, se preferir, fazer uma denúncia pelo Disque 100 ou, ainda, através do 181”, explica.

Também, o delegado mostrou alguns números de casos de estupro de vulnerável que, na maioria dos casos, é quando a vítima é menor de idade. “Desde fevereiro, quando entrei pra Dpcami, já instaurei 14 inquéritos por estupro de vulnerável. É um número que considero alto para apenas quatro meses em uma cidade tranquila como Brusque”, afirma.

Por fim, questionado se a polícia poderia investigar esses acontecimentos no Twitter, o delegado disse: “Na verdade nós não podemos, nós devemos. É uma obrigação nossa investigar, independente da vontade da pessoa em querer que isso vá para frente ou não. Temos obrigação em investigar”, finaliza.

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