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Essas pessoas vão passar o Natal longe de suas famílias

Confira como serão as festas de fim de ano de quatro entrevistados por Portal da Cidade Brusque distante de seus entes queridos

Publicado em 23/12/2020 às 00:52
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(Foto: reprodução)

Há algumas semanas um amigo me perguntou o que eu iria fazer no Natal. Respondi que não sabia ao certo, mas que provavelmente iria passar com minha mãe, como em todos os anos, desde que meu pai faleceu, em 2012.  

Assim deve ocorrer em milhões e milhões de lares pelo mundo, onde familiares estarão reunidos na noite desta quinta-feira, 24 de dezembro, para celebrar o nascimento de um carinha muito carismático que mudou o mundo há 2020 anos.

Mas nem em todos. Os meus planos foram interrompidos pela covid-19. A partir do meu diagnóstico positivo ocorrido nesta terça-feira, 22 (dia de meu aniversário, aliás), pela primeira vez em oito anos minha mãe irá passar sozinha a data mais importante do calendário cristão.

Assim como eu, diversas pessoas, por diversos motivos, passarão o Natal longe de seus entes queridos. É o caso de Samuel Andrade, designer que trabalha em uma empresa de tecnologia da cidade de Brusque. Natural de Manaus, ele também teve seus planos de rever a família interrompidos por conta da pandemia.

“Moro em Brusque há três anos e sempre que possível viajo para visitar minha família nas festas de fim de ano. Este ano não viajarei para evitar que meus familiares tenham algum risco de exposição ao vírus”, comenta.

Samuel diz levar a situação com naturalidade. Apesar de sofrer com a saudade, para ele, saber lidar com isso faz parte do amadurecimento de qualquer pessoa. Para ele, a internet ajuda bastante neste momento atípico, diminuindo, ao menos um pouco, a distância existente entre ele e seus entes queridos.

“Procuro manter um contato diário com eles e dessa forma minimizar o sentimento de ausência que a distância por vezes proporciona (...) esse Natal passarei fisicamente sozinho, sim. Mas, com certeza, conectado com minha família em alguma chamada por vídeo”, ressalta.

“Por vezes nos lembramos das pessoas que amamos e que estão distantes apenas em uma data comemorativa. Com tanta tecnologia disponível hoje em dia, precisamos criar o hábito de manter sempre o contato com a família e amigos. Ligue todo dia, mande mensagem, faça uma chamada de vídeo só pra dar um ‘oi’”.

Samuel Andrade

Assim como Samuel, o produtor de vídeo Antônio Magno também terá que passar o Natal longe da família, que mora em Antônio Carlos, no litoral norte de Santa Catarina. Já não bastasse todos os males advindos da pandemia, a saudade, sobretudo nessa época, passa a ser um adicional nada legal de se viver…

“O motivo de eu passar o Natal longe da minha família esse ano com certeza é por causa do coronavírus. Minha mãe e irmã são diabéticas, então esse ano optamos priorizar a saúde (...) esse ano está tão atípico que não dá pra descrever com clareza os sentimentos por trás de tudo isso. Vou sentir falta de passar o Natal com a família toda reunida, assim como senti falta de todos os outros momentos em que não pude estar junto com eles esse ano”, explica.

No caso de Magno, a solução encontrada foi pensar em algo simples e passageiro, além de, claro, manter a esperança de que logo todos estarão novamente reunidos nas festividades em família. Antônio também é grato por conseguir passar por tudo isso com saúde.

“Passarei o Natal esse ano na minha "bolha" de 2020 (risos), que vai ser aqui em Brusque, em casa, com a minha esposa, nossa cachorra Filó e com a minha sogra Lina que veio de Minas passar uns dias conosco (...) acho que é uma questão muito pessoal. Mas, minha dica é ter em mente que tudo isso é passageiro, fazer uma vídeo chamada e dar umas boas risadas com as pessoas queridas que estão longe”, completa.

Antônio Magno

Mas nem só da covid-19 são feitos os natais distantes. O designer gráfico da Prefeitura de Brusque, Alexandre Kenji Honda, por sua vez, tem um caso um pouco diferente para nos contar. Filho de pais divorciados (a mãe mora em Suzano, São Paulo, e o pai no Japão), a distância em épocas natalinas acabou se tornando algo constante.

Perguntado sobre o seu sentimento nesta época do ano, ele resumiu em solidão. “Por mais que eu tente, essa data é passada em família e não me sinto muito bem. Provavelmente só vou saber o que é Natal como a maioria das pessoas quando constituir a minha própria família”, comenta.

Nos últimos anos, Honda tem passado com a família de sua companheira e, também, com amigos, o que ajuda a diminuir a solidão e os sentimentos de tristeza. “Nessa época o espírito natalino toca o coração das pessoas mais próximas e sempre recebo convite dos amigos. Aí fica ao meu critério aceitar ou não. Esse natal vou passar com a família da minha companheira (...) diria para as pessoas na mesma situação aproveitarem esse tempo sozinho para fazer coisas que gosta e que as deixam felizes, é só uma data e nada mais”.

Alexandre Kenki Honda

Para Sandra Heloisa Salmória, de 68 anos de idade, já passamos tanto tempo afastados e isolados de nossos entes queridos que conseguimos aguentar mais um pouco. Moradora de Videira, no Meio Oeste Catarinense, mas com familiares em Brusque, segundo ela, temos muitos recursos à nossa disposição para suprirmos, ao menos um pouco, a saudade gerada pela distância física.

“Nosso maior motivo, para ficarmos afastados da família nesse Natal, sem sombra de dúvida é a pandemia, que com certeza é nossa maior preocupação (...) estamos aceitando essa situação de isolamento com muita tranquilidade. E o maior sentimento é o respeito com as pessoas que amamos”, ressalta.

Sandra ainda ressalta que nestes dias tão incertos precisamos nos cercar de muito amor e esperança. “Vamos vencer essa batalha. A maior prova de amor e gratidão para com a nossa família com certeza será o respeito mútuo”, finaliza.

Sandra Heloisa Salmória

A verdade é que não há como negar que muitas pessoas contam os dias para a chegada do Natal, enquanto outras contam os momentos para que as festas de fim de ano terminem. Para todas essas, fica o desejo de Portal da Cidade Brusque de que seja um período de felicidade, na medida do possível, fraternidade e, acima de tudo, esperança.  

por Wilson Schmidt Junior


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