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Primeira noite

Mais de quatro mil pessoa prestigiam “Paixão e Morte de Um Homem Livre”

Espetáculo terá segunda exibição nesta sexta-feira (19), No pátio da Comunidade São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba

Publicado em 18/04/2019 às 23:03
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(Foto: Jaison Polheim / Divulgação)

(Foto: Jaison Polheim / Divulgação)

Em um mundo onde o ter é mais importante do que o ser. Onde a corrupção é algo normal para se obter o poder. Onde a ganância deforma a moral. Um pequeno feixe de luz surgiu, trazendo esperança e se transformando em vida”. É desta forma que inicia a 22ª edição do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre”. No pátio da Comunidade São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba, na noite de Quinta-Feira Santa, 18 de abril, o enredo seguiu, ao som do pulsar do coração de Jesus Menino.


Próximo dali, em concentração, o coração de Carlos Woitexen também pulsava forte. Apesar de interpretar Jesus neste espetáculo desde 2001, era a primeira vez que ele assumia o protagonismo de narrar a peça e de dividir o personagem com mais sete atores que, como ele, são voluntários.


“Meu coração está a mil. Vivo isso há tanto tempo, mas ainda é inevitável me sentir assim. Esta edição tem sido de um aprendizado enorme porque exige muita concentração. São várias entradas, diferentes palcos. Preciso estar atento para não me perder. E a novidade é esta proximidade das pessoas. É a primeira vez que caminho entre o povo”, detalha Carlos.


Com ingressos praticamente esgotados, houve formação de filas durante a abertura dos portões, duas horas antes do espetáculo. Na Quinta-Feira Santa, quando os cristãos vivem a celebração de “Lava pés”, o elenco de “Paixão e Morte de Um Homem Livre” dá um belo exemplo de como se colocar a serviço pela evangelização. “Pedro não entende porque Jesus lava os pés de seus discípulos. Mas isso é sinal de humildade. É se fazendo pequenos que nos tornamos grandes e, em qualquer trabalho, são os humildes que se sobressaem”, pontua Carlos.



Outro coração que também estava acelerado era o da diretora do espetáculo, Rejane Habitzreuter Schlindwein. Há mais de um ano envolvida nesta função, era chegada a hora de colocar em prática tudo que foi planejado e, nos últimos sete domingos, ensaiado. “Tudo é entregue com muita dedicação. Depois de tantas horas de empenho alcançamos o resultado esperado. Quem sobe ao palco não é mais a pessoa e, sim, o próprio personagem. Consigo ver Maria, José, os pastores, os anjos. Consigo ver Jesus e acredito que o público também sentirá esta verdade”, garante a diretora.


Segundo ela, a espiritualidade marcou de forma íntima esta preparação. Além da presença e da bênção de religiosos a cada novo ensaio, foi formado um grupo de oração no local, que esteve em permanente intercessão pelo bom andamento dos trabalhos. Com pouco menos de uma hora para o início da apresentação de ontem, o elenco e a diretoria do projeto participaram de um momento de reflexão, conduzido pelo pregador missionário, André Vilela.


“Tira da tua cabeça que isso é um teatro. Isso é real. Lá fora têm pessoas em busca de um milagre e hoje você é o instrumento de Deus. Tira da tua cabeça que isso é um teatro. Isso é a missão que Deus te deu hoje”, disse Vilela, ao conduzir o momento de oração.


Mais de quatro mil pessoas prestigiaram a encenação de Quinta-Feira Santa, que começou no pulsar forte do coração de Jesus menino e que seguiu ao som do choro de mulheres na matança de inocentes. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém contou com a participação da plateia, que recebeu e empunhou palmas, reforçando o coro “Hosana, Filho de Davi”. As acusações, o julgamento, o açoite, a morte de cruz... Tudo envolto em uma energia bastante verdadeira que, aliada aos efeitos especiais, chocou e fez chorar. Já a ressurreição foi apresentada de modo leve e, essencialmente, feliz. No encerramento do espetáculo, os mais de 400 voluntários subiram ao palco enquanto o céu se coloria com os fogos de artifício. À frente, uma multidão emocionada, aplaudindo de pé.



Na saída ordenada do local, ainda era possível encontrar grupos de pessoas refletindo a mensagem final deixada por Jesus. “Ame sempre mais, abrace demoradamente, beije seus filhos e seus pais. Sempre que possível olhe para as pessoas que realmente que são importantes e diga a elas que você as ama. Elogie, viva intensamente cada  segundo do caminho do bem. Seja rápido em pedir desculpas e mais rápido ainda em perdoar. Não guarde mágoas. Busque constantemente a Deus. Sorria muito, um coração alegre transmite o  amor de Deus que há em você. E, acima de tudo, não esqueça: estarei sempre ao seu lado. Em qualquer situação, conte comigo. Pois eu sou Jesus!”

 

Participação especial

Luciano Szafir foi o ator convidado para a 22ª edição do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre”, no qual interpretou o imperador romano Pôncio Pilatos. Ainda emocionado, ele avaliou esta estréia no palco de Guabiruba logo após o fim da apresentação.


“Achei sensacional, organizado e vi coisas de uma criatividade incrível, como o fato de mais pessoas interpretarem Jesus. Em 23 anos envolvido com encenações da Paixão de Cristo, nunca tinha acompanhado algo assim. As pessoas são extremamente educadas, solícitas, responsáveis. A direção foi exímia, o som não falhou nenhuma vez, a iluminação estava perfeita e o texto também. Já sabia que a o teatro de Guabiruba era bem conceituado, mas não esperava uma estrutura tão sensacional. O que vi aqui me surpreendeu muito mais”, avalia o ator.



Szafir conta que o convite para atuar no espetáculo surgiu em um momento de bastante trabalho e o que o ajudou em cena foi a experiência de já ter interpretado Pilatos por, pelo menos, 15 vezes. “O texto sempre varia, mas a posição, aquilo que ele sente e a dualidade do personagem é algo que conheço bem e isso me ajudou bastante”, afirma.

 

Serviço

Nesta Sexta-Feira Santa, 19 de abril, às 19h30min, na Comunidade São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba, acontece a segunda e última apresentação do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre”. Os portões abrem duas horas antes do início da apresentação e as cadeiras são escolhidas por ordem de chegada.


Não há mais ingressos disponíveis para venda. Portanto, a diretoria da Associação Artística Cultural São Pedro (AACSP), promotora do evento, reforça que só se direcione para o local quem garantiu o ingresso antecipadamente.


Estudantes maiores de 12 anos devem apresentar a Carteirinha Nacional de Estudante junto com a meia-entrada adquirida. E, para pessoas acima de 60 anos, é necessário apresentar um documento de identificação.

Outro pedido é para que os expectadores levem casacos, pois as noites anteriores foram de muito frio no local. Da mesma forma, outra solicitação é levar uma toalhinha, já que as cadeiras não são cobertas e podem estar molhadas pelo sereno.

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