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Cultura popular

Moradores de Brusque e região falam sobre sua paixão por animes e mangás

Cultura "Otaku" está bastante difundida no Vale do Itajaí; conheça algumas histórias

Publicado em 08/06/2020 às 05:31
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(Foto: ilustração)

Apesar de ser uma região com raízes alemãs, polonesas e italianas, é possível encontrar com certa facilidade, em Brusque e nas cidades do entorno, pessoas que apreciam a cultura oriental, sobretudo quando o assunto são os famosos animes ou mangás.

Com forte penetração na cultura popular do ocidente, os produtos culturais dos países asiáticos são responsáveis pela formação de uma “tribo” denominada comumente de Otakus, ou seja, os fãs de tudo que envolve os hobbies, filmes, animações, quadrinhos e tradições do continente.

Diego Armando Bianchessi, 25 anos, é tecelão e mora no bairro Limeira, em Brusque. Para se ter uma ideia, nosso entrevistado gosta tanto dos animes japoneses que ganhou o apelido de Naruto (personagem principal do programa de mesmo nome).

Em entrevista a Portal da Cidade Brusque, Diego conta que tudo começou na infância, quando acompanhava o clássico anime Dragon Ball Z, que passava na televisão aberta nos anos 90 e 2000. Após a febre sayajin passar, não perdia um episódio sequer do programa que originou seu apelido.

“Eu sempre ficava empolgado com os próximos episódios que demoravam a passar. Aí comecei a ler os mangás de Naruto, porque a história já estava mais avançada lá”, explica Bianchessi.

Como você já deve ter deduzido, o anime do menino Uzumaki é um dos preferidos de Diego. Porém, ele também cita Nanatsu no Taizai, adaptação de mangá de mesmo nome, como um ótimo exemplar de seriado animado.

“No Brasil as pessoas olham estranho quando alguém gosta de anime, ficam falando que ‘tal pessoa gosta de desenhinho’, mas no Japão gostar de animes e mangás é normal”, defende.

Para quem está começando, o brusquense indica, é claro, o próprio anime Naruto. A justificativa para isso é bem simples. “Tem bastante ação, sangue, aventura, guerras, além de uma história que é ótima”.

Diego, o Naruto

Nascido e criado em Brusque, o empresário Marlon Cesar Pereira, de 33 anos de idade, também tem uma identificação bastante grande com a cultura japonesa. Ainda quando criança, em meados de 1994, começou a acompanhar por acaso a série Cavaleiros do Zodíaco, que passava na extinta TV Manchete.

“Meus pais haviam acabado de comprar uma parabólica, então numa certa tarde eu acabei encontrando a TV Manchete e estava passando a última batalha do Shun contra a Afrodite”, salienta. “Depois veio Jaspion, Shurato, dentre vários outros”.

Dono da lan house Hadouken Game Center, quase ninguém chama Marlon pelo nome e, sim, por Kakashi, outro personagem do anime Naruto. Coincidência? Nem tanto. Ele e o nosso primeiro entrevistado são amigos há vários anos e já gastaram horas e horas conversando sobre qual desenho japonês é melhor. Apesar de já ter assistido inúmeros, e em várias épocas, o empresário é taxativo sobre qual mais lhe impactou.

“Com certeza, até por eu ser criança, o que mais me marcou foi o Cavaleiros do Zodíaco (...) mas para quem está começando eu indico o Yu Yu Hakusho. É um anime que é possível se assistir tanto sendo criança ou adulto”.

Kakashi acredita que o Brasil tem muito a crescer ao se espelhar na cultura nipônica, em todas as áreas da sociedade. “A principal diferença da nossa cultura com a japonesa são os valores. Eles valorizam respeito, educação… Os próprios animes sempre mostram personagens que começam fracos, mas que possuem uma determinação forte dentro deles. Eles sempre priorizam o fato de as pessoas começarem pequenas e terminarem grandes”.

Marlon Cesar (Kakashi) é fã de CDZ!

Diretamente do centro de Brusque, quem também conversou conosco foi o jovem Davi Bruns, estudante, de 16 anos de idade. Como todo bom geek, além de animes e mangás, também não dispensa um lolzinho nas horas vagas. 

Davi nos conta que começou a acompanhar a cultura pop japonesa por influência de alguns amigos que, já há algum tempo, lhe recomendavam várias opções. “Até que eu me interessei e fui assistir (...) entre todos que eu vi até agora, eu ficaria entre [os animes] Soul Eater, Brand New Animal (BNA) e Neon Genesis Evangelion, já que todos têm uma história que chamou minha atenção junto com o estilo da arte e da animação”, comenta.

A linguística oriental é um fator que sempre lhe chamou atenção: o kanji, que são ideogramas de origem chinesa, e dois silabários japoneses conhecidos como hiragana e katakana. 

Para quem está começando agora, BNA é a dica do adolescente, já que é um anime de fácil compreensão. A história da produção ocorre no século 21, onde animais humanoides aparecem após ficarem escondidos na sombra durante muito tempo. “A arte e animação fenomenal do estúdio Trigger faz com que se torne uma boa primeira experiência (...) eu acho que o Brasil deveria importar mais material de cultura japonesa, já que vejo uma certa escassez, pelo menos na minha região, do mesmo”, cita.

Davi Bruns, morador do Centro

Animes e mangás também fazem a cabeça do coordenador de suporte da empresa Hiper, Gustavo Back, de 22 anos de idade. O jovem atualmente reside em Guabiruba e começou a acompanhar as animações ainda na infância, com os conteúdos que passavam na TV aberta. Depois, começou a acessar sites que continham episódios legendados por grupos de outros fãs.

“Atualmente meu anime e também mangá favorito é Tower of God/Kami no Tou. Ele é na realidade um Manhwa, que são obras de quadrinhos produzidos na Coréia do Sul, e estão recentemente ganhando popularidade e se tornando até animes por grandes produtoras”, explica Gustavo. “Se tornou meu atual favorito pois a história é cativante e o enredo traz uma profundidade aos personagens e, bem como, gera um ambiente cativante a leitura”.

Para Back, o principal diferencial entre a cultura brasileira e oriental é o respeito, sobretudo à camada idosa da população. Como todo bom Otaku, ele também aprecia a culinária do oriente. “Existem pratos onde o propósito é explorar a criatividade quanto a texturas e sabores, também frisando o respeito pelos alimentos e pela comida em geral”, complementa.

Gustavo crê que os animes e mangás são capazes de trabalhar nos espectadores e leitores muitas virtudes, além de, claro, configurar também um passatempo saudável e divertido. “É uma vastidão de conteúdos que podem ser fantasiosos ou realistas e que projetam em nós algum sentimento ou experiência”.

Todos os nossos entrevistados até agora deram ótimas dicas para quem deseja começar a se aprofundar na cultura pop oriental (já vimos que não precisa apenas ser japonesa, né?). Gustavo não seria diferente.

“De mangá uma grande recomendação de leitura para os iniciantes é Berserk, pela história com reviravoltas brutais e o universo niilista (as ilustrações também são muito bem trabalhadas), e de anime eu indicaria Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba, que possui uma animação fluida, história cativante e uma trilha sonora muito bem trabalhada”.

Gustavo aprecia as produções sul-coreanas

Paola Marlise Fritzke tem 19 anos, mora em Indaial e é operadora de caixa, assistente de cozinha e, eventualmente, tradutora. Para Portal da Cidade Brusque, ela contou que começou a acompanhar animes sem nem saber o que eles eram. “Assistia bastante Naruto, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Sailor Moon (...) Meu anime preferido é Naruto. Parece clichê, mas tem bastante história”, cita.

O que mais lhe atrai na cultura japonesa é o funcionamento meticuloso das instituições, e a luta para a superação de obstáculos pessoais (meritocracia e força de vontade). “Vivem bem em sociedade, se esforçam o máximo que podem, não desistem das pessoas, estão sempre incentivando alguém a ser melhor. E claro, eles são modernos, mas nunca deixam de ser tradicionais (minha parte preferida)”.

A paixão pelas tradições nipônicas atingiram um nível tão grande que Paola foi atrás de aprender o idioma. Para ela, uma língua ótima de ser falada. “A principal diferença, pelo que vejo, é a ética”, continua. “Não damos muita bola para filas (no Japão ninguém guarda fila para ninguém). Aqui, além de guardar, ainda furam a fila. Aqui, se achamos uma carteira, primeiro abrimos ela e vemos o que tem dentro, lá ela permanece fechada até que esteja entregue ao dono”.

Para quem está iniciando e quer ser considerado um legítimo Otaku, Paola indica o anime Evangelion. A animação gira em torno de uma organização paramilitar chamada NERV, criada para combater seres monstruosos chamados Anjos, utilizando seres gigantes chamados Unidades Evangelion (ou EVAs). “É divertido e interessante”, finaliza.

Paola aprendeu a falar o idioma japonês

E você, qual é o seu anime favorito? E qual é melhor: Dragon Ball Z ou Naruto? Deixe nos comentários!


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