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Motoristas do transporte universitário de Brusque se negam a parar em Campus da Furb

Alunos são obrigados a caminhar, de noite, cerca de 20 minutos, o que acarreta em insegurança e atrasos constantes nas aulas

Publicado em 16/08/2017 às 01:45

Foto: divulgação

Todos os dias, dezenas de pessoas embarcam em ônibus contratados pela Prefeitura de Brusque, rumo às universidades das cidades de Blumenau, Balneário Camboriú e Itajaí. O serviço, utilizado amplamente pela comunidade universitária do município, atende estudantes do turno matutino, vespertino e noturno. 

É o caso da estudante Débora Horn, de 22 anos de idade. Matriculada no curso de Biomedicina da Universidade Regional de Blumenau (Furb), ela e outros colegas enfrentam uma verdadeira maratona nas idas e voltas. Acontece que o ônibus em que ela e outros universitários embarcam não faz parada no Campus 3 da faculdade, obrigando-os a percorrerem, a pé, pouco mais de 600 metros até que possam se sentar nos bancos acadêmicos.

“Ele não quer parar no 3. Só no 1 e no 2. Aí o pessoal que estuda no 3 tem de parar no 1, e caminhar de 15 a 20 minutos, no escuro, pois, é de noite, até chegar no campus. Nessa caminhada, já teve gente assaltada, já teve gente quase estuprada, fora o perigo que a gente passa”, ressalta Débora, que considera o problema de fácil resolução. 

Todas as tentativas de fazer o ônibus efetuar uma simples parada próximo ao Campus 3, onde existem as áreas de Biomedicina e Nutrição, foram infrutíferas. Ela enfatiza já ter entrado em contato com o Coletivo Santa Terezinha, com a Prefeitura de Brusque e, até mesmo, com a Prefeitura de Blumenau, ao qual teria autorizado a breve parada no ponto da Rua Iguaçu, Bairro Itoupava Seca, pedindo autorização para a breve parada. 

“O ponto de ônibus do Campus 3 é igual aos existentes nos outros dois. Não atrapalha ninguém, até porque é pouca gente. Não vai um minuto. Caminhas 15 minutos a gente perde muita aula. O pessoal de Blumenau já deixou, já mandamos cópias do e-mail para o responsável do transporte em Brusque e ninguém faz nada”, continua.

Mesma situação vivida por Gabriel Coradini, de 20 anos, também estudante de Biomedicina. Para ele, trata-se de má vontade por parte dos motoristas, que estariam se negando a fazer uma parada extremamente rápida. “Se é rota do ônibus passar na frente (do Campus 3), ali tendo um ponto de ônibus, não vejo um problema quanto a isso. E de noite piora, até porque o trajeto do campus 3 até o 1 é um tanto quanto perigoso, e às vezes ficar esperando ali no ponto da Cremer (como é conhecida a o ponto de ônibus existente na Rua Iguaçu) e o motorista não parar pra ti é complicado”. 

O problema também preocupa alguns pais, que também já tentaram por muitas oportunidades resolver a situação envolvendo o grupo de alunos. Porém, sem sucesso. Marlete Dada, de 51 anos de idade, mãe da estudante Ana Carolina Dada, explica que, além da questão envolvendo a segurança dos universitários, é preciso observar que eles estão sendo prejudicados ao perderem aulas. “A faculdade é cara. Chega-se tarde, perde-se quase meia hora de aula, dependendo do trânsito, fora o tempo que ela tem que andar. Quando a gente foi fazer a carteirinha, eles falaram que parava em todos os Campus. As outras cidades todas param. Eu cansei de ligar para pedir”, ressalta.

Marlete cita ainda que um dos atendentes da Prefeitura de Brusque chegou a dizer que os usuários do serviço “nunca estão contentes” com o serviço gratuito. Ela lembra que não é gratuito, já que a Prefeitura é quem está pagando. “Custa parar ali? São segundos para descerem”.

Ninguém quer assumir a responsa

Em contato com a Prefeitura de Brusque, nossa reportagem recebeu a informação de que a competência acerca das paradas é do Departamento de Transportes e Terminais (Deter).  Procuramos, então, o setor de fiscalização do órgão que, por sua vez, nos garantiu que não haveria nenhum problema em realizar a parada e que sequer é necessária uma autorização para tal, já que não se trata de uma linha de transporte coletivo.

O fiscal que nos atendeu disse, ainda, que cabe ao departamento, tão somente, avaliar a rota e a condição dos veículos que fazem as viagens diárias.

Superlotação

As viagens Brusque-Blumenau-Brusque e Brusque-Itajaí-Brusque também passam por outro tipo de problema, de acordo com universitários entrevistados por Portal da Cidade Brusque. Mesmo proibido por lei, vários alunos viagem de pé dentro dos veículos. Fato que ocorre, principalmente, nos retornos. “Acho que o maior problema é o distanciamento da secretaria que organiza os transportes e o estudante. Tomam-se decisões sem consultar os usuários. Fora os horários engessados, que não atendem a demanda”, avalia Alan Nunes, de 19 anos de idade, estudante do curso de Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Consultada sobre este assunto desde o início desta semana, a Prefeitura de Brusque prometeu esclarecer os fatos, o que não ocorreu até o fechamento desta reportagem.

 

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