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Professora dá aulas voluntárias de português para imigrantes haitianos

Encontros ocorrem semanalmente, na Escola de Ensino Fundamental Oscar Maluche

Publicado em 21/03/2018 às 00:29
Atualizado em

(Foto: divulgação)

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Mudanças nunca ou quase nunca são fáceis. Para se adaptar a elas é necessário uma boa dose de resiliência e, principalmente, paciência. Imagine, então, como é dura a situação de imigrantes que saem de um país extremamente pobre e subdesenvolvido, por vezes com pouca instrução, para tentar uma vida nova e digna em outro lugar. Ainda bem que existem pessoas dispostas a tornar esta experiência um pouco mais fácil.

É o caso de Anelede Feuzer, 54 anos de idade, professora especialista em arte educação. A brusquense, que hoje leciona na Escola de Educação Básica Osvaldo Reis, já tem 25 anos de magistério e dedica, voluntariamente, parte de seu tempo ao ensino de português para imigrantes haitianos. 

Já são quase três anos aplicando uma metodologia desenvolvida especialmente para este curso. Nos primeiros dois anos, as aulas aconteciam na Assembleia de Deus Ministério Madureira Campo de Caraguatatuba, às margens da Antônio Heil. Porém, recentemente, com a necessidade de uma estrutura maior, uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação possibilitou a utilização de uma sala da Escola de Ensino Fundamental Oscar Maluche, no Bairro Steffen, todas as quintas-feiras, das 19h às 21h.

Em entrevista exclusiva ao Portal da Cidade Brusque, a professora nos explica que o projeto surgiu da vontade de sua irmã em ajudar os recém-chegados estrangeiros, que começaram a trabalhar na mesma empresa que ela. Como a barreira linguística foi um grande empecilho, a familiar procurou Anelede, que há algum tempo havia feito um curso intensivo de francês para uma viagem internacional que faria.

“Isso me encorajou. O francês e o crioulo tem lá suas diferenças, mas é possível entender muitas coisas. Poderia entender, dialogar e conversar com eles. Pensei e decidi abraçar a causa por achar importante e nobre. A imigração está aí e um dia já fomos imigrantes. Hoje são os haitianos que estão aí buscando uma vida melhor, vindo de um país totalmente devastado”, explica.

Anelede ressalta que que em suas aulas são trabalhados temas como verbos, regras do português, diálogos, conversação e, oportunamente, acontecimentos históricos da cidade, região e país. “Coisas para eles se sentirem situados e familiarizados aqui na nossa cidade. Essas coisas são as mais importantes para quem chega na cidade: conhecer um pouco da cultura e se localizar no ambiente”, complementa. 

A professora cita, ainda, que é possível notar uma simbiose cultural nas aulas com os imigrantes haitianos. Para ela, não são apenas os estrangeiros que aprendem a cultura brasileira, mas também o contrário. “Eles também estão dispostos a ensinar o francês, o inglês, pois, muitos deles eram professores, e eles podem estar fazendo esse voluntariado na comunidade do Steffen, onde a maioria está inserido”, continua.

Buscando a expansão do projeto, a voluntária conta, também, com outros colaboradores que periodicamente lecionam sobre temas como saúde, legislação, cidadania, imigração, direitos humanos, dança e cultura. São eles: a advogada Andréa Gomes, o professor pós  doutor Eder Carlos Schmidt, o professor especialista em biologia Jacson Assino e a acadêmica de educação física e instrutora licenciada de zumba, Melissa Casagrande Schwarz. Além disso, as tratativas com a Secretaria de Educação continuam ocorrendo para proporcionar aos homens e mulheres a vivência da informática no laboratório que existe no educandário.


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