O dia 15 de janeiro de 2009 foi um dos dias mais tristes na história do futebol brasileiro e certamente o dia mais difícil da história do Brasil de Pelotas. O ônibus que transportava a equipe tombou na BR-392, em Canguçu, a 83 quilômetros de Pelotas. O Brasil voltava de um amistoso contra o Santa Cruz, em Vale do Sol. Três pessoas morreram: o preparador de goleiros, Giovani Guimarães, o zagueiro Régis e o atacante uruguaio Cláudio Millar, ídolo da torcida Xavante. Além das mortes, 26 membros da delegação se feriram. O ônibus saiu da pista e despencou de um barranco em uma altura de 40 metros. Entre os passageiros, o goleiro Danrlei, ex-Grêmio e o volante Odair Hellmann, atual técnico do Fluminense.
Régis à esquerda, sentado entre dois jogadores e Claudio Milar, segundo à direita, ao lado do atleta de boné. Foto: Rádio Gaúcha
Falecido no acidente, Claudio Milar é o maior ídolo da história da equipe. Foto: Arquivo Brasil de Pelotas
Ônibus capotou e deixou três mortos e nove feridos. Foto: Arquivo
Falta de empatia por parte da Federação Gaúcha
Poucos dias após a tragédia, a equipe entrou em campo pelo Campeonato Gaúcho. Abalados pelo acidente, os atletas não renderam o esperado dentro de campo e o Xavante acabou rebaixado para a segunda divisão. Em entrevistas, o presidente do clube chegou a dizer que tinha “um time jogando e outro no hospital”. Também revelou que um lateral atuou com uma fissura na bacia. O incidente também prejudicou as finanças da equipe. Que precisava pagar as despesas médicas, além dos compromissos com os funcionários. A dupla Grêmio e Internacional se solidarizou com a tragédia e chegou a ceder dois jogadores emprestados ao Xavante. Entretanto, a ajuda financeira recebida pelo clube foi pequena. O Brasil viveu uma maratona de jogos atrasados. Foram oito confrontos entre o dia 3 e 19 de fevereiro, no primeiro turno. De todo o plantel profissional, só restaram 12 jogadores com condições de atuar. Muitos atletas diziam que não havia condições psicológicas para enfrentar a competição. Na Série C, foi valente e conseguiu chegar às quartas, sendo superado pelo América Mineiro.
Bruscão prestou homenagem
Na época do acidente, o Brusque entrou em campo pela primeira rodada do Catarinense, contra o Avaí, com uma tarja preta no braço dos atletas. O confronto terminou empatado em 2 a 2, na Ressacada. 
Foto: Arquivo Brusque FC
Queda livre
No ano seguinte, na segundona gaúcha, o desempenho foi péssimo. O Brasil não conseguiu superar sequer a primeira fase, sendo eliminado. Na Série C do Brasileiro, também foi eliminado na fase preliminar. Em 2012, foi rebaixado para a Série D, e posteriormente ficou sem divisão nacional. O retorno à elite gaúcha só ocorreria em 2013, ao bater o São Paulo de Rio Grande na final da Segundona. Já a volta às competições nacionais ocorreu no ano seguinte, após um honroso terceiro lugar no Gaúchão, além da Série D, o Xavante conseguiu uma vaga na Copa do Brasil. Na quarta divisão brasileira, obteve com êxito o acesso e o retorno à Série C. A equipe foi vice-campeã, perdendo para o Tombense (MG) na final.
Redenção
Na Série C 2015, o time classificou-se em quarto no Grupo B e decidiu o acesso contra o Fortaleza. Após vencer por 1 a 0 no Bento Freitas, casa do time, segurou o empate em 0 a 0 no Castelão e garantiu vaga na Série B. Após apenas seis anos do acidente, o Brasil estava na segunda divisão do Campeonato Brasileiro numa história exemplar de superação.
Desde então, conseguiu fazer campanhas sólidas e sem sustos na Série B e no Campeonato Gaúcho, onde chegou a ser vice-campeão, em 2018.
Deixando para trás as cicatrizes, o Brasil de Pelotas enfrenta o Brusque na quinta-feira (12) pela terceira fase da Copa do Brasil. Na fase anterior, superou o Manaus por 1 a 0. A partida de ida ocorre no estádio Bento Freitas, em Pelotas, às 21h30.
Foto: Carlos Insaurriaga
