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TOCO Y ME VOY

80 anos de Ringo Starr, o beatle subestimado

Baterista foi elemento indispensável na banda inglesa e deixou seu legado na história da música

Publicado em 07/07/2020 às 04:00
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Em agosto de 1962, Richard Starkey recebia a missão mais importante de sua carreira: substituir Pete Best na bateria dos Beatles e assim entrar para a história daquela que se tornaria a maior banda da história da música. Carismático, caricato e irreverente, Richard, ou melhor Ringo Starr, completa neste 7 de julho, 80 anos de idade.  


Ringo foi o primeiro baterista de rock genuíno a aparecer na televisão. A maioria dos outros que tocavam com nomes como Elvis, Bill Halley, Little Richard, Fats Domino e Jerry Lee Lewis eram músicos de Rhythm and Blues (R&B) que realizavam uma transição do estilo swing dos anos 40 e 50 a um som mais “barulhento” parecido com I Want To Hold Your Hand, dos Beatles. Também foi pioneiro em aparecer em uma espécie de pódio alto, ficando tão visível quanto John, Paul e George. Quando apareceu assim no Ed Sullivan Show, em 1964, captou a atenção de milhares de fãs e bateristas por esse detalhe.


O aniversariante tinha um “timing” perfeito. Com isso, os Beatles podiam gravar a mesma música 50 ou 60 vezes até conseguir a versão perfeita sem a ajuda de metrônomos como atualmente. Ele não era grande adepto os solos de bateria e em toda a história da banda de Liverpool fez apenas um, em The End, no lado B do Abbey Road (1969). Ao colocar um metrônomo a 126 batidas por minuto e se mede com o solo de Ringo, ambos encaixam perfeitamente.

Ele tocou em todas as canções gravadas com baterias, com exceção de Back In The URSS e Dear Prudence (quando havia deixado a banda temporariamente por conflitos internos) e The Ballad of John and Yoko, quando Paul gravou a bateria porque Ringo estava gravando um filme. Sim, além de um excepcional músico, ele também tinha um carisma enorme que pode ser percebido sobretudo ao assistir A Hard Day’s Night (1964) e Help! (1965).

Ringo é o beatle subestimado. Considerado o único mortal entre os quatro. Não foi o melhor baterista do mundo, mas foi o melhor baterista do mundo para os Beatles. Sua maneira de tocar era pouco ortodoxa: um canhoto tocando uma bateria para destros. Ele era sem dúvidas o coração da banda. O mais velho entre os garotos de Liverpool também cantava em uma canção por disco e mesmo assim eternizou músicas como Yellow Submarine, Act Naturally ,With a Little Help From My Friends, Don’t Pass Me By e Octopu’s Garden.


Quando os conflitos da banda já tornavam a convivência quase insuportável, se cansou da falta de harmonia e deixou o grupo, que nunca aceitou ficar sem seu quarto elemento. Mandaram cartas, telegramas e ligavam constantemente implorando para que voltasse. Quando enfim retornou, sua bateria estava coberta por flores.

Ringo entendeu o que era ser um beatle, um status que poucos podem alcançar. Sempre com um olhar sereno, um sorriso no rosto e uma mensagem simbolizada apenas por um gesto: os dois dedos cobertos por anéis que simbolizam paz e amor, a mensagem que ele insiste em acreditar, mesmo em um mundo onde cada vez menos esses dois elementos tem espaço.

Oitenta anos de uma lenda viva da música. Que viva por muito tempo, pois ainda merece seguir emocionando diferentes gerações, fascinadas por um fenômeno que transcende as barreiras do tempo.

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