Portal da Cidade Brusque

Olhar Jovem

A incessante guerra entre Paulinho Sestrem e a Prefeitura de Brusque

Acusações de corrupção na Secretaria de Saúde vs. suposta fraude em concurso público: as brigas entre Sestrem e Prefeitura seguem à flor da pele

Publicado em 24/08/2020 às 07:29
Atualizado em

(Foto: Portal da Cidade Brusque)

De um tempo para cá foi possível notar aparentes desavenças entre o vereador e pré-candidato a prefeito, Paulinho Sestrem (Republicanos), e a Prefeitura de Brusque. 

Uma das maiores intrigas entre o parlamentar e o Executivo neste ano, logo em fevereiro, ocorreu quando o vereador protocolou um pedido de cassação do mandato do prefeito Jonas Paegle (DC), do vice-prefeito Ari Vequi (MDB) e do secretário de Saúde, Humberto Fornari, por supostas irregularidades envolvendo a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas, o famoso "elefante branco" brusquense.

Tudo começou quando Sestrem fez um vídeo em frente ao prédio inutilizado da UPA 24 Horas. Na oportunidade, o político acusou a Prefeitura de Brusque de pagar servidores cadastrados como funcionários do local, sendo que o espaço estava (e ainda está) fechado.

Após o vídeo, o prefeito de Brusque fez uma publicação em seu Facebook criticando a atitude do vereador por meio de referências religiosas. “Apartai-vos deste mal! Veio o livramento e o mal embutido foi desmascarado, lançado a terra junto aos anjos decaídos, pobre alma, Paulinho Sestrem, que sonha em ser chamado de Paulo, mas cabe o diminutivo: ‘inho’, para não caber no diminutivo do diminutivo: ‘Paulinhozinho’. Ó pobre alma inquieta, rejeitada pelos seus, não encontra sossego, vai a lugares, junta outras pobres almas desassossegadas e ocupa seu tempo em propagandear discórdias. Afinal só nos resta ter muita pena e orar para que encontre a paz”, disse Jonas Paegle nas redes sociais.

Na mesma ocasião, o ex-diretor de Governo e Gestão Estratégica, André Vechi, que se afastou recentemente do cargo, na época também se irritou com as acusações de Sestrem e se pronunciou sobre o assunto. Em seu Facebook, André fez uma postagem com alguns passos para ‘desmascarar’ um político oportunista.


Imagem: Facebook/Reprodução

Em resposta às publicações, Paulinho se irritou na tribuna do Legislativo e disse que Paegle e Ari deveriam ir para Cuba e Venezuela, países ideologicamente contraditórios em relação às opiniões de boa parte do povo brusquense, de maioria conservadora. “O que que é isso, é um cala boca de vereador que esta administração está fazendo? Porque se for, nós estamos em uma ditadura, e se estamos em uma ditadura, eu já deixo recado aqui para o sr. Jonas Paegle: vai para Venezuela! Para o sr. Ari Vequi, vai pra onde? Vai pra Cuba!”, disse Sestrem na tribuna da Câmara de Brusque, no dia 4 de fevereiro de 2020.

Logo após as críticas e a solicitação irônica de mudança para a Venezuela e Cuba, Paulinho Sestrem tornou público o pedido de cassação do mandato de Paegle, Vequi e Fornari.

Na votação, que ocorreu na semana seguinte, a Câmara de Brusque optou pelo arquivamento do pedido de interrupção dos mandatos.

A aproximação do ano eleitoral fortalece um desentendimento maior entre um dos maiores opositores da Prefeitura e o próprio Executivo municipal. Paulinho Sestrem é um forte nome para ser adversário direto do vice-prefeito Ari Vequi, que deve ser o candidato emedebista nas eleições municipais.

Prefeitura acusa Sestrem de improbidade

“Um dia da caça, outro do caçador”. Recentemente a Prefeitura de Brusque acusou Paulinho Sestrem por improbidade administrativa na época em que exercia o cargo de secretário de Trânsito e Mobilidade.

A ação movida pela Procuradoria-Geral do Município pode respingar também no ex-prefeito Paulo Eccel (PT), no ex-secretário de Governo e Gestão Estratégica, Cedenir Simon (PT) e no ex-procurador-geral, Elton Riffel.

Procurados pela coluna, Eccel e Cedenir afirmaram que iriam esperar serem devidamente notificados sobre a denúncia para que qualquer tipo de pronunciamento seja realizado.

No documento consta que um processo seletivo teria sido forjado para nomear Sestrem como técnico de circulação de tráfego.

Por ser um cargo pouco comum na administração pública, apenas duas pessoas concorreram e Paulinho Sestrem foi o segundo colocado.

A carta de nomeação ao cargo, conforme consta na ação ajuizada pela PGM, foi enviada para a concursada vencedora do processo. Porém, para o endereço errado. Assim, o segundo e último colocado no concurso, Paulinho Sestrem, pôde assumir o cargo.

Na denúncia consta ainda que a Prefeitura de Brusque na época não havia esperado o tempo certo para nomear oficialmente Paulinho Sestrem.

Os motivos da realização deste processo seletivo, ainda segundo a denúncia da Prefeitura, teria sido para fazer com que o ex-secretário de Trânsito e Mobilidade deixasse de exercer sua função por meio de um cargo comissionado e começasse a atuar no poder público como efetivo, após o governo de Paulo Eccel.

Mesmo com o processo em andamento, tanto Sestrem quanto a maioria de seus apoiadores negam as acusações.


Fotos: Câmara Municipal de Brusque

O profissionalismo nos bastidores

Apesar do mal estar um com os outros, Paulinho Sestrem e os representantes da Prefeitura de Brusque aparentam seguir um protocolo profissional quando estão fora dos microfones da tribuna Câmara ou das redes sociais.

Recentemente, na inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) do loteamento Emma II, o vereador estava presente com parte do Executivo acompanhando a cerimônia. Inclusive, estava junto e em um clima saudável com Jonas Paegle, Ari Vequi e Humberto Fornari, sendo saudado pelos adversários políticos na cerimônia.

Apesar do bom relacionamento nos bastidores, a disputa política deve seguir ainda mais ativa com o início da campanha eleitoral.


Foto: Thiago Facchini/Portal da Cidade Brusque

Caso oficialize a sua candidatura, Paulinho Sestrem deve utilizar seu forte batalhão popular para sair na frente de Ari Vequi nesta incessante guerra envolvendo o vereador e a Prefeitura de Brusque.

Enquanto Paulinho Sestrem e a Prefeitura de Brusque seguem se “bicando”, talvez o desfecho disso não seja muito agradável para nenhum dos lados.

A disputa entre os dois é, talvez, uma Série B quando se leva em consideração que adversários muito mais populares também querer ocupar a cadeira do prefeito. Paulo Eccel e Ciro Roza ainda possuem uma legião de eleitores e, apesar da rejeição, são taxados como favoritos ao cargo.

Ainda é cedo para buscar algo concreto. Porém, caso tudo seguir como está, Eccel ou Ciro estão muito mais perto de retornar às suas funções do que os demais concorrentes.

Fonte:

Deixe seu comentário