No último dia 3 de abril, quando estávamos vivendo o auge do isolamento social em Santa Catarina por conta do novo coronavírus, o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), assinou um decreto que diminuía o seu salário em 30% e o dos secretários e vice-prefeito em 20%.
Estamos falando de uma capital de estado cuja Lei Orçamentária Anual 2020 foi estipulada em R$ 2,35 bilhões. É claro que o dinheiro economizado por esse corte nos vencimentos do alto escalão não irá, necessariamente, fazer alguma diferença significativa no combate à proliferação do covid-19. Porém, é cristalino também que este não é, nem de longe, o objetivo deste “arrocho” temporário.
Não importa se o ato do democrata florianopolitano teve como objetivo se lambuzar no tal do “marketing social”. O que importa é que nas comunidades mais carentes e vulneráveis da capital de Santa e Bela, algum “seu João”, ou alguma “dona Maria” viu aquele que ajudou a ser eleito fazer o que muitos prometem, mas poucos põem em prática: cortar na própria carne.
“As palavras convencem. O exemplo arrasta”. Essa frase é muitas vezes atribuída a Confúcio, pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos. E, no momento em que assinou aquele decreto, o prefeito Gean Loureiro, ao menos por um momento, não era mais o político preso na Operação Chabu, da Polícia Federal. Eu repito: por um pequeno instante, ele foi o chefe do Executivo municipal que deu o exemplo.
Cerca de 100 quilômetros distante da Ilha das 100 Praias, passados um mês e dois dias do início da quarentena imposta pelo governador Carlos Moisés (PSL), o que se observa nos bastidores políticos municipais de Brusque é que o assunto “corte nos salários” é um verdadeiro tabu. Ninguém, sequer, comenta sobre isso. Ninguém discute. Sob risco de ficar “exilado” em suas ideias, como se fosse um “leproso” dos tempos bíblicos.
Enquanto isso, nas ruas, o cidadão continua recebendo seu salário atrasado por conta do vírus, ou então aceitando diminuições nos seus vencimentos para manter o seu emprego. Que belo exemplo estão nos passando, hein?
Com essa postura, os governantes deixam de mostrar para a população os seus perfis de liderança e altruísmo, o famoso “tamo junto”. Ok, ok, vamos falar no idioma certo. Acabam, também, por perder uma grande oportunidade de fazer bonito perante seu eleitorado.