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REPRESENTATIVIDADE

"Eleger uma mulher negra é uma resposta à sociedade", diz vereadora eleita

Primeira vereadora negra na história de Brusque, Marlina Oliveira (PT) projeta período na Câmara Municipal e afirma que mandato será "inclusivo e didático"

Publicado em 22/11/2020 às 23:37
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(Foto: Facebook )

O último domingo (15) foi especial para Marlina Oliveira Schiessl. Candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ela estava apreensiva e cansada ao aguardar a demora pela apuração das urnas, quando recebeu o telefonema de um amigo com uma mensagem importante: ela estava eleita. Mais do que a representatividade de ser a única mulher entre os 15 candidatos que conseguiram uma cadeira na Câmara Municipal, ela também será a primeira mulher negra a ocupar o cargo.

Com 753 votos, ela teve mais votos que nomes históricos do partido, como Cedenir Simon e Valmir Ludvig e foi a candidata com maior votação no PT. “Recebi a notícia como uma mulher determinada, que fez uma campanha propositiva, organizada. Eu desejava estar nesse lugar (Câmara) e receber os votos de confiança das pessoas”, afirma. Marlina diz que percebeu o crescimento de sua candidatura no decorrer da campanha. “Meus maiores desafios sendo a única mulher é justamente estar em um espaço que é historicamente ocupado por homens. Os desafios por ser mulher são imensos, por ser uma voz única e estar localizada como oposição, em uma cidade com princípios conservadores”, analisa. 

A vereadora eleita enxerga positivamente a renovação da Câmara Municipal, com possibilidade de diálogo e construção entre os parlamentares. Para Marlina, apesar dos desafios, também é uma oportunidade para poder ter a sua voz e de tantas outras pessoas ouvidas. “Penso que há a possibilidade de ser um mandato inclusivo e didático, para que os homens possam ver e aprender a respeito de uma construção de uma mulher feminista e atuante na Câmara de Vereadores”. 

O fato de ser a primeira vereadora negra na história da cidade é encarado por Marlina com extrema importância, pois dialoga com uma parcela da população que anseia por mudanças. “A forma que essa parte da população será representada é trazer o novo na forma de pensar política através das pautas de uma mulher negra. É de uma relevância social importante. Brusque seguiu um movimento nacional, que é o grande ingresso das mulheres negras nesse espaço, que será ampliado nas próximas eleições, a nível nacional. É um fato histórico, tanto local, como nacional”, celebra, apontando que esse movimento sinaliza uma ascensão e abertura de espaço para a diversidade e a diferença. “Eleger uma mulher negra é uma resposta que uma parcela da população deu à sociedade. Uma sociedade onde a democracia, a justiça e a igualdade estão presentes”. 

Entre suas principais bandeiras, estão os direitos das mulheres, a educação e a questão racial da gaúcha de Erechim, que está em Brusque desde 2009 e atua a coordenação do Centro de Educação Infantil (CEI) Pequenos Pensadores, no bairro Guarani. Desde 2011, Marlina é servidora efetiva da prefeitura. 

Graduada em Pedagogia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai, especialização em Metodologia de Ensino da Educação Infantil e Anos Iniciais, é mestra em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Marlina será apenas a sexta mulher a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Brusque em toda história do município.

por Celio Bruns Jr

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