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Em Brusque, Van Hattem e Gilson Marques (Novo) discutem futuro político do país

Parlamentares visitaram a cidade na manhã deste sábado (13)

Publicado em 13/03/2021 às 21:54
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(Foto: Portal da Cidade Brusque)

Os deputados federais Marcel van Hattem (Novo/RS) e Gilson Marques (Novo/SC) marcaram presença em Brusque durante a manhã deste sábado (13). Na ocasião, os parlamentares se reuniram com lideranças empresariais e políticas da cidade. 

Durante o encontro, foram discutidas estratégias políticas e, também, maneiras de enfrentar a pandemia do coronavírus. Além disso, também foi abordada a mais recente crise político-institucional deflagrada após a anulação - por parte do STF - das sentenças do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva nos processos da Operação Lava Jato.

Na oportunidade, van Hatten e Marques receberam, com exclusividade, a reportagem de Portal da Cidade Brusque para uma conversa sobre o presente e o futuro político da legenda liberal em nível regional e nacional.

Crise entre poderes
Marcel van Hattem se mostrou preocupado com os avanços do Poder Judiciário sobre os poderes Executivo e Legislativo e, também, sobre o próprio Judiciário. Para o parlamentar, a decisão monocrática proferida recentemente pelo ministro Edson Fachin de anular as sentenças do ex-mandatário petista é um exemplo claro desta interferência. 

“Depois de o processo tramitar em todas as instâncias, várias condenações foram proferidas, de casos diferentes; e um único ministro anulá-las, isso é uma afronta ao estado de direito, ao próprio sistema judiciário e, em última análise, à nossa própria democracia brasileira”, comenta. 

Crise econômica
Durante a entrevista concedida ao Portal da Cidade, Gilson Marques considerou a situação do país ‘caótica’. Para ele, a grande crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus fará com que as próximas gerações paguem as contas que estão sendo feitas atualmente. 

“Estamos fazendo dívida para nossos netos. Não adianta achar que o governo vai dar dinheiro, conceder subsídios e renunciar receitas sem consequências. Os auxílios são importantes, mas a conta uma hora vai chegar para todos, até para quem recebe”, frisa.

O liberal acredita que o estado paternalista, ou ‘babá’, em suas palavras, não é capaz de apresentar soluções eficazes para a situação sem precedentes vivida pelos brasileiros nos dias de hoje. Marques complementa dizendo que tudo que se faz no país é restringir, regulamentar, exigir, sem revogar nada.

“O cidadão fica cada vez mais algemado e ainda paga um custo caro para cada lei que é aprovada. E o estado, por conta da pandemia, mostrou que não é capaz de gerir uma crise, por mais que coloque muito dinheiro. Não adianta colocar dinheiro em ‘mangueira furada’ (...) as expectativas não são boas e a gente tem que encarar isso com honestidade”. 

Mudanças
Marcel van Hattem comentou, durante a entrevista, que a esperança do brasileiro para tempos políticos melhores passa pela renovação que, segundo ele, poderá ser colocada em prática nas eleições de 2022. “Nós já começamos em 2018. Tenho muito orgulho da bancada do Novo. Não mudamos nossos ideais desde que começamos as nossas campanhas (...) precisamos melhorar a qualidade de nossos legisladores e isso depende do voto”, salienta. 

Richa interna
Tornou-se público, nas últimas semanas, a divisão interna do partido Novo. Hoje, são praticamente dois feudos na coligação. Um é mais progressista, aliado ao ex-presidente do diretório nacional e ex-presidenciável, João Amoedo - e também ao atual presidente Eduardo Ribeiro. Este grupo, nos últimos meses, tem adotado postura oposicionista ferrenha contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aliando-se, neste quesito, a legendas de esquerda como PT e Psol.

A outra parcela é mais à direita, porém, não necessariamente representando uma base governista sólida e que “diz amém” para tudo que diz o presidente da república (apesar de defender projetos do Executivo com mais afinco que o próprio governo). 

A relação se estremeceu com maior intensidade recentemente, após declarações favoráveis de Amoedo à prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL/RJ), depois que o mesmo teceu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em um vídeo publicado nas redes sociais. Para a ala ‘amoedista’, o procedimento foi correto, enquanto que para os mais direitistas do Novo a operação representou uma afronta contra a liberdade de expressão garantida constitucionalmente, não só para todos os cidadãos, mas também para os parlamentares.

Em relação a este assunto, Marcel van Hattem acredita que as discordâncias são vistas de maneira normal dentro do Novo, já que o mesmo é um partido liberal. Apesar disso, o deputado defendeu o diálogo, dizendo que não é possível ser fanaticamente contra o governo, tampouco fanaticamente favorável. “Acho que é importante a população saber que existe uma terceira opção. Não existe somente base e oposição. Considero imprescindível sabermos o que é ser independente na Câmara dos Deputados”.

Gilson Marques, por sua vez, diminui a ressonância dos atritos, dizendo que não concorda com a exploração da opinião de João Amoedo pela mídia, já que, atualmente, ele é apenas um filiado como qualquer outro e não tem a prerrogativa de falar pelo partido. Todavia, fez questão de ressaltar que os pontos de concordância com o colega de legenda ainda são maiores do que as diferenças ideológicas.

Sobre a relação entre os três poderes, o parlamentar frisou que poderia estar pior: em conluio. “A partir do momento que os poderes pensam diferente, medem forças, isso acaba sendo positivo na medida em que as pessoas conseguem ver a posição de cada um com as cartas muito claras. No passado, em conluio, tudo acontecia debaixo dos panos. Mas é óbvio que esperamos passar por esse momento e começar uma era de cooperação”.

A mudança, conclui Gilson Marques, também passa pela conscientização do eleitor, que deve votar em políticos melhores, para que estes escolham ministros do STF alinhados com preceitos morais e éticos. “Não vejo outra solução a curto prazo, a não ser aproveitar a nova janela que se abre ano que vem para elegermos políticos melhores”, pontua.

Eleições
O Novo aguarda com grande expectativa o pleito de 2022. A legenda liberal deve apresentar, ao menos em Santa Catarina, uma nominata completa, tanto para deputados estaduais e federais, quanto para o governo do estado. Nomes como o de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, e Bernardinho, ex-técnico de vôlei campeão olímpico com as seleções brasileiras masculina e feminina, estão sendo cotados para concorrer ao cargo máximo da república.

Em um primeiro momento, apesar do assédio contínuo para que Gilson e Van Hattem se candidatem a cargos mais altos na legislatura federal, ambos devem concorrer à reeleição no ano vindouro. Vale ressaltar que a política é dinâmica e que as conversas podem evoluir para outros rumos no futuro.

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