Portal da Cidade Brusque

POLÍTICA

PSOL de Brusque estuda candidaturas para as eleições deste ano

Alisson Castro, tesoureiro do partido, faz avaliação da conjuntura política municipal e nacional

Publicado em 06/03/2020 às 00:47
Atualizado em

(Foto: Divulgação/PSOL Brusque)

Um dos principais partidos de esquerda do país, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) possui uma bancada de dez deputados na Câmara dos Deputados Federal. Em Brusque, o partido atualmente conta com 50 filiados e 11 membros ativos. O tesoureiro do PSOL, Alisson Castro, conta que por ser um partido mais combativo, a tendência é que hajam menos filiações. “Temos um perfil mais seletivo e teórico. E também há o contexto político atual, que é alvo de tensões entre uma atuação mais teórica ou mais pragmática”.

O primeiro grupo ligado ao PSOL em Brusque estava ligado a Odirlei Dell’Agnolo, o “Bah”, que na época conseguiu 1352 votos para vereador, mas não conseguiu eleger-se. Para as eleições municipais desse ano, o partido ainda estuda a melhor forma de contribuir com o processo eleitoral. “Embora tenhamos um número reduzido de filiados, o perfil das pessoas que estão filiadas é de pessoas que muito embora tenham uma leitura semelhante frente aos problemas que enfrentamos na atual conjuntura, divergem em como agir diante da realidade, em como devemos atuar para mudar a realidade, para melhorá-la”, explica Castro.

Ele revela que apesar da pluralidade de ideias, o PSOL deve indicar candidatos a vereador. “Isso é muito rico, mas também muito complicado pois com posicionamentos diversos de estratégia, que chegam a ser antagônicos, um passo em qualquer direção pode ser interpretado como sendo uma ação de distanciamento daquilo que almejamos, que é uma sociedade livre de exploração do trabalhador. Lançar ou apoiar candidaturas na majoritária passa por esse debate, que na realidade é um debate atravessado pelas tendências que compõem o partido. Com relação à candidatura à proporcional, a princípio temos dois nomes”.

Brusque é uma cidade conservadora?

Apesar dos 86% dos votos da última eleição presidencial em Brusque terem ido para Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, Castro rechaça que a cidade seja um município “conservador”. “Eu vejo que essa ideia de Brusque ser uma cidade conservadora um tanto quanto conformista para quem é da esquerda. O Lula teve votações expressivas em outras eleições. Tudo bem, Lula teve um empresário como vice, mas uma cidade conservadora não iria votar nele. Penso que não tenhamos conservadorismo de maneira hegemônica a ponto de afirmarmos que Brusque seja conservadora”, aponta.

Ele diz que as pessoas tem tendência a relacionar a esquerda ao esgotamento e ressaca dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). “Na minha opinião os governos do PT tiveram ótimos avanços mas também frustraram as pessoas. Quem fez a crítica a coisas básicas foi o Bolsonaro, críticas muito pertinentes por sinal. Em Brusque, por exemplo, sabemos o nome e o sobrenome dos presidentes de sindicatos, o que isso nos diz sobre essas instituições? Os trabalhadores se sentem representados pelos seus sindicatos? Os trabalhadores conseguem montar uma chapa e disputar o controle do sindicato ou quem comanda os sindicatos tem uma estrutura que desestimula a concorrência para se perpetuar no poder a ponto de sabermos o nome e o sobrenome dos presidentes dos sindicatos em Brusque?”, questiona.

Rejeição da população à esquerda

Castro acredita que todo o contexto político atual causa uma repulsa das pessoas pela esquerda. “Isso aliado a um fluxo constante de fake news faz com que as pessoas rejeitem o que se diz de esquerda, mesmo que as pessoas sejam de esquerda. A questão é: esses sindicatos são de esquerda? Estes governos foram de esquerda? Não basta eu dizer que sou de esquerda. Não basta eu dizer que sou vegano e ir comer churrasco. As pessoas percebem a contradição, só quem está confortável sendo conservador, na presidência dum sindicato, por exemplo,não percebe a contradição entre o que prega e o que pratica. Eu recomendo que as pessoas façam um simples teste do politicalcompass.org (site que mede as preferências políticas do usuário) e elas vão se surpreender quando o teste mostrar o resultado”, atesta. 

Avaliação dos governos Jonas e Bolsonaro

O historiador, que também é servidor público, acredita que a administração municipal “entrou nos eixos” somente no terceiro ano de mandato. “Há coisas aparentemente aleatórias e desconexas acontecendo como a elaboração de um plano de mobilidade, a retirada de tachões na Primeiro de Maio, a opção por não fazer a ciclofaixa na Santa Rita e Santa Terezinha, a construção de ciclovias mais seguras nos prolongamentos das Beira-Rios e o projeto de compartilhamento de bicicletas: fica a pergunta, qual é o projeto de cidade?”, indaga. Ele deseja sucesso para o prefeito da cidade. “Eu torço para que o Jonas faça um ótimo governo, afinal, escolhi esta cidade para crescer, ter filhos e criá-los aqui”.

Cenário político 

No âmbito nacional, o tesoureiro do PSOL de Brusque se diz contrário às políticas econômicas do governo Bolsonaro. “Minha concepção é de esquerda o que significa que o Estado deve controlar a economia. O governo é flagrantemente neoliberal, o que comporta suas contradições. Quando um banco vai a falência o Estado injeta dinheiro, por exemplo. Chile e Argentina estão aí para provar que a receita neoliberal não dá certo. Não acredito que a receita seja o Lulismo, que é estimular o consumo, o que acredito que seja bizarro. Tampouco acredito que devemos viver de racionamento de comida como ocorre ou ocorreu nas experiências ditas comunistas, mas que foram dominadas por uma estrutura burocrática de partido ou sofreram boicote econômico, como Cuba e Venezuela, por exemplo”.

Eleições 2020

O PSOL decidiu não lançar candidaturas para prefeito, devido a pequena estrutura do partido. O partido se reúne mensalmente, mas também realiza reuniões pontuais para discutir e deliberar questões que escapam do prazo das reuniões mensais. Na cidade, o PSOL é presidido por Kerlem Conde. Nas últimas eleições municipais, em 2016, Francisco Luiz Cordeiro concorreu a prefeito pelo partido e teve 172 votos.


Fonte:

Deixe seu comentário