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POLÍTICA

'Repressão à arte e cultura é uma afronta a liberdade democrática', diz Marlina

Vereadora classificou como “barbárie extrema” o encobrimento com tinta do mural do artista Douglas Leoni

Publicado em 30/09/2021 às 17:55

(Foto: Câmara Municipal de Brusque)

Durante a sessão ordinária desta terça-feira (28) a vereadora Marlina Oliveira Schiessl (PT) classificou como “barbárie extrema” o encobrimento com tinta do mural do artista Douglas Leoni que ilustrava uma das paredes externas da Fundação Cultural de Brusque (FCB).

Ela lembrou que a obra integrava o patrimônio artístico e cultural do município, uma vez que fazia parte do projeto Povo de Dentro - Galeria Urbana, contemplado com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020) na cidade e cobrou do prefeito Ari Vequi um posicionamento (MDB) sobre o fato.

“O que ocorreu em Brusque na calada da noite de sexta [24] para sábado [25] foi um crime arquitetado com requintes de ódio, violência e distorção daquilo que se compreende por arte”, disse a parlamentar. “O que está em questão não é o gosto artístico de Maria, João ou do capanga de um certo coronel brusquense”, prosseguiu Marlina, numa alusão a Fábio Roberto de Souza, assessor jurídico da Havan e que na véspera do ocorrido associou o trabalho de Leoni à “farra com o dinheiro público” e “suposta cultura”, numa rede social.

Em publicação subsequente, ele comemorou a pintura com tinta verde feita por cima do mural. “O que está em questão é que um projeto artístico foi publicamente rechaçado e, tempos depois, misteriosamente, entre muitas aspas, amanheceu apagado, por ser considerada uma arte indesejada e moralmente prejudicial ao povo, ou então, porque estaria servindo a determinada ideologia”, criticou.

Recentemente, acrescentou a vereadora, outro projeto artístico, o Vivência Queer, foi alvo de “rechaça e intolerância”, conforme considerou. “Ambos [os projetos] estão sendo alvos de ataques descabidos e com fortes bases de propagação de fake news e desinformação”, afirmou Marlina. Ela cogitou, então, quais razões estariam motivando essas situações: “O que está por trás do ódio gratuito à obra de Douglas Leoni e aos demais projetos que dizem respeito à comunidade LGBTQIA+? É por estarem associados a artistas da comunidade LGBTQIA+? São supostos fatores políticos e ideológicos atribuídos à obra?”.

Dirigindo-se ao chefe do Poder Executivo, ela indagou: “Afinal, prefeito, quem autorizou a pintura [em verde, por cima da obra artística]? De quem partiu a autorização para que a pintura fosse realizada?”.

“Nota esvaziada”

Para Marlina, a nota emitida na segunda-feira (27) pela diretora-geral da FCB, Zane Marcos, sobre o acontecimento, foi “esvaziada” e não trouxe “a dimensão exata de quais atitudes serão tomadas” no âmbito do processo investigatório administrativo que a gestora informou que será aberto para apuração de “qualquer irregularidade” relacionada aos fatos.

Na mesma reunião, o plenário aprovou o Requerimento nº 131/2021, apresentado pela petista com o objetivo de que Zane seja convidada a comparecer a uma sessão ordinária da Câmara para discorrer acerca das providências que estão sendo adotadas a respeito do ato que culminou na destruição do mural de Leoni.

Conselho de Cultura

Marlina ainda chamou a atenção para as responsabilidades dos membros do Conselho Municipal de Cultura de zelar “pelo patrimônio cultural por meio de ações disciplinadoras, normatizadoras e de fiscalização” e refletiu: “Toda forma de repressão à arte e à cultura é uma afronta às liberdades democráticas. Quando uma obra artística é violentada desta forma, toda uma sociedade é atingida e não apenas o seu autor”.


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