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Opinião

Vencedores e perdedores das eleições de 2020 em Brusque

Confira a opinião do consultor de políticas públicas Marcos Maestri, que participou da apuração realizada por Portal da Cidade Brusque no domingo (15)

Publicado em 18/11/2020 às 08:23

(Foto: divulgação)

Passado o período eleitoral em Brusque, chegou a hora de fechar o balanço. Como toda eleição, o resultado agrada alguns e desagrada muitos. Não pensem que os partidos e seus políticos não estão se debruçando sobre os mesmos fatos e números, tentando entender o que aconteceu. Vamos a lista.

Vencedores

Ari Vequi: O mais óbvio ganhador das eleições. Afastou qualquer dúvida sobre sua viabilidade eleitoral. Superou seus adversários nas urnas com praticamente o mesmo número de votos que 2016, algo em torno de 25 mil. Conquistou um capital político e terá, a partir de janeiro de 2021, finalmente a caneta do Prefeito.

Democratas: Foi o partido que fez a maior bancada de vereadores e obteve quase o dobro de votos do segundo lugar (MDB). Seus 3 vereadores deverão ter forte influência no governo. Além de terem caminhado junto à campanha do prefeito eleito, um eventual rompimento da bancada governista abriria um enorme flanco para a oposição.

Luciano Hang: O empresário, que sempre foi avesso a declarar apoio na política local, fez uma aposta alta. Não apenas pelos R$200 mil reais doados para campanha do Ari, como também colocou em risco sua popularidade e influência. Acabou tendo um resultado favorável. As definições políticas da cidade deverão passar pela sua mesa (e carteira).

Ex-servidores: Nada menos que 6 vereadores eleitos tiveram uma função de destaque na Prefeitura de Brusque no último governo. O que corrobora o fato de que o Paço Municipal continua a ser um importante berço de candidatos.

Campanha tradicional: Novamente as redes sociais não cumpriram a promessa de serem o principal meio de decisão de voto. Pelo contrário, as “bolhas” e discurso de ódio provaram que é imensamente difícil fazer chegar alguma mensagem convincente ao eleitor. Bandeira, carreata, adesivo e material impresso continuam a ter um impacto na hora da decisão (e um alto custo para produzir).

Representatividade: Marlina Oliveira foi a primeira vereadora negra eleita em Brusque. Infelizmente foram necessários 85 anos para que nossa cidade seguisse o exemplo de Antonieta de Barros, a primeira deputada negra eleita no Brasil. Coincidentemente, as duas são educadoras.

Perdedores

Ex-Prefeitos: A disputa sempre polarizada entre os grupos políticos de Paulo Eccel e Ciro Roza abriu uma oportunidade bem aproveitada pelo candidato Ari. As urnas também deixaram de fora Roberto Prudêncio. Sem dúvida, os partidos estão recalculando a influência política de seus “figurões”.

Direita: A anunciada frente ampla da direita não se concretizou. A dificuldade de acomodar tantos nomes em apenas uma chapa fez com que seus partidos concorressem isolados, nenhum conseguindo repetir a onda do Presidente Bolsonaro.

Reeleição: Com uma renovação de mais de 70% dos vereadores, a grande surpresa das eleições foi a Câmara. Especialmente difícil foi a situação dos que cumpriam o primeiro mandato, visto que a maioria não foi reeleita. Fato igual ocorreu com a bancada da oposição ou grupo independente.

PSC e Parte do PP: Foram nos últimos minutos que o PSC e o PP mudaram para apoiar a candidatura de Ciro Roza. A decisão não unânime gerou uma divisão no PP, por isso não é possível colocar todo o partido nesta categoria. Fato é que a aposta na campanha do ex-prefeito gerará efeitos práticos nos próximos anos para ambos os partidos.

Participação popular: 20% dos eleitores não foram votar. Foi uma votação atípica por causa da Pandemia ou estamos verificando uma tendência? Esta pergunta que paira na cabeça de todos os políticos. Nas semanas que antecederam as eleições nem parecia um período eleitoral. Se foi apatia ou descrédito, o desafio de motivar os eleitores está posto.

Não esqueçam que política é algo dinâmico, em que reviravoltas são comuns. Em apenas dois anos será aberta novamente a janela de oportunidade para mudanças na história eleitoral. Afinal, a campanha de 2022 já começou.

por Marcos Maestri, consultor de políticas públicas

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