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Debate

OAB/SC realiza primeiro seminário sobre cannabis no Estado

Evento multidisciplinar será nesta quinta e sexta-feira (2 e 3 de março) na sede da Seccional, com participação também de forma on-line

Publicado em 01/03/2023 às 14:33

(Foto: Divulgação)

Atenta ao crescente número de pacientes que vêm se beneficiando do uso medicinal da cannabis, e aos bons resultados dos tratamentos que são mostrados em diversos estudos, a OAB/SC realiza, nesta quinta e sexta-feira (2 e 3/3/2023), o 1º Seminário sobre a Regulamentação e as Oportunidades do Mercado da Cannabis Medicinal e Industrial no Brasil, no auditório da Seccional em Florianópolis.

Reunindo especialistas com atuação nacional, o evento será em formato híbrido (presencial e on-line), como forma de possibilitar maior participação, e terá dois focos: o debate sobre ampliação do acesso aos pacientes, já que o tratamento é de alto custo, e as oportunidades de mercado com o uso industrial da planta. “Com este evento, pretendemos somar e contribuir, por intermédio da advocacia catarinense, para a construção de um caminho responsável e mais acessível aos tratamentos, com o aperfeiçoamento da regulamentação no Brasil, debatendo ainda os desafios e as oportunidades no cenário agrário, do vestuário e de moda”, destaca a presidente da OAB/SC, que fará a abertura do evento, às 8h30 de quinta-feira.

O cruzamento de dados oficiais mostra que hoje 187 mil pacientes no País fazem uso medicinal da planta, sendo 6,8 mil em Santa Catarina, segundo o Anuário da Cannabis no Brasi. No entanto, o dado é considerado subnotificado, e a estimativa é que possam haver até um milhão de pacientes no Brasil e até 20 mil aqui no Estado, pois muitos pacientes têm acesso ao tratamento por vias alternativas, como a judicial, que muitas vezes não integram as estatísticas oficiais. Muitos dos processos são sigilosos por envolver menores de idade, para proteção dos dados médicos pessoais ou porque houve autorização para o cultivo próprio para fim medicinal, requisitado por pacientes para reduzir os custos do tratamento.

O seminário reúne 10 comissões de trabalho da OAB/SC, com atuação em áreas como saúde, startups, direito agrário e direito da moda, e é organizado pela Comissão de Inovação na Advocacia. “É um debate multidisciplinar. Sabemos que as brechas na regulamentação são o principal fator do alto custo do tratamento, e também que há um potencial industrial, como por exemplo a produção de fibras para o setor têxtil e a criação de novas startups do ramo, então precisamos ampliar o debate sobre esse tema”, reforça o presidente da Comissão de Inovação da OAB/SC, Guilherme Reis.

Entre os temas que serão debatidos ao longo de dois dias de seminário, estão a gama de enfermidades alvo de tratamentos com cannabis, a regulamentação do uso medicinal e brechas normativas, a judicialização do acesso e até o seu uso em tratamentos veterinários, que já ocorre no País. Um deles é o potencial de mercado com o aproveitamento de diferentes componentes da cannabis, com destaque para a indústria têxtil, a partir da fabricação de tecido com o cânhamo, uma fibra leve e altamente resistente. Além disso, estudos mostram que a cannabis pode potencializar áreas agrícolas, pois tem propriedades de revitalização de solos degradados e seu crescimento é rápido, podendo ser colhida em cerca de 40 dias.


Doenças alvos do tratamento e formas de acesso

Alzheimer e outras demências, câncer, esclerose múltipla, Mal de Parkinson, glaucoma, epilepsia, Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista, artrite reumatoide, transtornos de saúde mental como depressão e ansiedade, além de transtornos alimentares, do sono, endometriose, diabetes e Covid longa são algumas das doenças dos quais os pacientes já apresentaram melhoras com o uso da cannabis medicinal. A principal condição atendida pelo tratamento hoje é a dor, presente em muitas delas, seguida da ansiedade, com 9,5%, e do Alzheimer e outras demências, com 8,5%.

Há três formas legais de obter o medicamento, todas com aspectos que o encarecem. A mais utilizada no Brasil é a importação, que precisa ocorrer de forma individual e por CPF, e sem possibilidade de estoque, com a quantia menor importada se tornando mais cara. A segunda é a compra em farmácias autorizadas pela Anvisa, onde o medicamento costuma ser mais caro, pois o Brasil não autoriza o cultivo e a matéria-prima é importada. Por fim, a aquisição em associações que têm autorização da Anvisa para o cultivo, que ainda são poucas, sendo uma delas a Santa Cannabis, de Santa Catarina.

A programação completa e inscrições podem ser feitas no site da OAB/SC, em https://www.oab-sc.org.br/cursos-eventos/2023/03/02/i-seminario-sobre-regulamentacao-e-as-oportunidades-do-mercado-cannabis-medicinal-industrial-no-bras/4283

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