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Brusque não tem programa específico para hanseníase; mas isso não precisa ser ruim

Confira reportagem especial sobre o Janeiro Roxo, mês de combate e prevenção a uma doença antiga, que já foi repleta de preconceitos, mas que hoje não preocupa como outrora

Publicado em 11/01/2018 às 02:30

Foto: ilustração

Em janeiro, todo o Brasil se volta para a conscientização de uma das doenças mais antigas e carregadas de estigmas sociais da história da humanidade. Em outros tempos, chamávamos de lepra. Carregada de preconceitos e, até mesmo, certa dose de horror, a comunidade médica resolveu por bem mudar a denominação da patologia para hanseníase. Se antes os pacientes que a obtinham eram chamado de leprosos, hoje em dia o termo está em desuso, substituído por hansênicos ou hansenianos. 

Mesmo com os alertas sobre a doença, o Brasil é um dos países que tem a segunda maior taxa de hanseníase do planeta, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): são cerca de 15 portadores a cada 100 mil habitantes. O destaque negativo fica por conta dos estados de Mato Grosso (que registra o maior número deles), Pará, Maranhão, Tocantins, Rondônia e Goiás. No sul, por sua vez, a prevalência é menor.

Se em estados com números mais expressivos de casos de hanseníase, ocorrem políticas públicas específicas para a identificação precoce e tratamento da doença, na cidade de Brusque não exista tal necessidade. Isso, pois, de acordo com o médico Humberto Fornari, secretário municipal de Saúde, foram apenas três novos casos identificados em 2017, fora os que já haviam sido diagnosticados outrora. 

Fornari conversou com Portal da Cidade Brusque para desmistificar o cenário hanseniano na região neste Janeiro Roxo. Ele explica, por exemplo, que todo o tratamento pode ser feito de maneira gratuita pela população, através da Atenção Básica de Saúde. “Brusque é uma cidade que ainda possui grupos hansênicos, mas não é uma doença alarmante nos dias de hoje, felizmente porque existem formas de tratamento e, principalmente, formas precoces de se diagnosticar e tratar. Não temos um programa específico, são procedimentos normais. Pacientes que por ventura enxergam a necessidade de fazerem exames, por conta de uma lesão ou uma descoloração da pele, eles vão até a unidade básica. Lá, o médico generalista que entender ser uma lesão suspeita encaminha até o nosso SAE (Serviço de Assistência Especializada), e ali é feito a biópsia, diagnóstico e tratamento. Não existe nada de alarmante em Brusque, a ponto que tenhamos de fazer uma atuação específica”, explicou.

Se nos primórdios da medicina a hanseníase, antes lepra, causava espanto em todos, fazendo com que existissem, até mesmo, comunidades e hospitais compostos exclusivamente de pessoas infectadas, hoje, de acordo com Humberto, a vida social e, até mesmo a cura, são duas coisas totalmente possíveis. “Quanto mais precoce o diagnóstico, menos efeitos colaterais. São doenças de tratamento prolongado, mas os pacientes conseguem uma vivência social bastante tranquila. As pessoas tinham medo do contato. Isso não existe mais. Muitas vezes tínhamos aquela situação até criminosa de ter que tirar o ente da vida familiar, por medo de se contaminar todos os outros. .Aconteceu isso com a tuberculose, com a Aids, e hoje não. Os que precisam de tratamento, vão ser tratados dentro do convívio familiar”, enfatiza.

Contágio

De acordo com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), a transmissão da doença ocorre através da respiração. Mas esse contágio tem algumas características especiais. A pessoa, com a doença, sem tratamento e na forma transmissível da doença e um convívio prolongado com esse indivíduo. Tão logo seja iniciado o tratamento a doença deixa de ser transmissível. É por isso que é importante diagnosticar a doença logo no início. Ninguém que tenha a doença precisa se afastar da sociedade, nem deixar de trabalhar ou ficar perto de sua família.

Sintomas

Fornari explica que a doença começa a se manifestar através de lesões e manchas nas extremidades corporais. Podem ocorrer também mudanças de sensibilidade a dor ou a calor. Ao contrário do que se imagina, não é só a hipoestesia (perda de sensibilidade) que pode atingir os contaminados, mas, também, a hiperestesia, ou seja, o aumento da sensibilidade em determinadas regiões do corpo.

“Tanto pra calor, quanto pra frio, quanto pra dor. Pra cima ou pra baixo. Tanto que tem gente que perde ponta de dedo, fica amputando, porque? Pois faz uma ferida, não sente ela crescendo, acha que não é nada e aquilo acaba se multiplicando. Isso ainda existe. Essa doença se aloja nas terminações nervosas da pessoa. Se não houver um tratamento adequado, essas funções neurológicas acabam por perder a função no decorrer do tempo”, finaliza o secretário de Saúde.

Previna-se! Fique atento!

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