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CORONAVÍRUS

Como a China poderia ter reduzido e até evitado a pandemia?

Estudo de universidade inglesa diz que se o país houvesse tomado ações de quarentena três semanas antes a quantidade de casos poderia ser 95% menor

Publicado em 25/03/2020 às 22:17
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(Foto: Gov Cn)

Em 23 de janeiro de 2020, a China fechou as fronteiras de Wuhan, cidade onde no final de dezembro do ano passado havia surgido o surto do novo coronavírus. Logo, outras cidades da província de Hubei se somaram a quarentena, o que deixou “presas” em suas casas 60 milhões de pessoas.

Isso, segundo um novo estudo da Universidade de Southampton, na Inglaterra, evitou que o Covid-19 alcançasse 7,6 milhões no país. A mesma investigação também detectou que se as medidas de forte restrição social fossem tomadas três semanas antes, 95% das infecções teriam sido evitadas na China. Duas semanas antes teriam reduzido em 86% e uma semana antes 66%. Essa ação teria reduzido consideravelmente a quantidade de infecções a nível mundial e poderia ter evitado a pandemia.

Os cientistas da WorldPop (um grupo de cartografia populacional afiliado à Universidade) que é financiada pela Fundação Bill e Melinda, fizeram simulações de diferentes cenários de contágio que revelaram resultados espetacularmente distintos no caso em que o distanciamento social, a quarentena e a paralisação das atividades fossem decididos em outros momentos. Mediante uma completa modelização que utilizou dados anônimos tanto sobre o movimento humano como sobre o início da doença, analisou-se como as variações no tempo, o nível e as combinações das intervenções afetam a velocidade e a transmissão da doença.

Os estudos também avaliaram que se as autoridades chineses tivessem demorado um pouco mais para tomar essas medidas, a quantidade de casos haveria se multiplicado por três em caso de uma semana depois, por sete em caso de duas semanas ou por 18 se fossem tomadas três semanas depois.

Shengjie Lai, investigador da Universidade e autor principal do trabalho, disse ao site da instituição: “Nosso estudo demonstra até que ponto é importante que os países enfrentem uma epidemia iminente planifiquem uma resposta coordenada que velozmente impeça a disseminação da doença em várias frentes. Também sabemos que a resposta integral da China em um período relativamente curto, reduziu enormemente o potencial impacto sanitário do surto”.

Segundo os modelos de esses especialistas, há três medidas chave entre as que se tomaram: ter sido detectado rapidamente, o isolamento dos casos e a distância social, particularmente o cancelamento de grandes eventos públicos, os trabalhos de casa (home office) e o fechamento das escolas. Todas se mostraram efetivas e de maior benefício em comparação com as restrições às viagens.

O diretor da WorldPop, o professor Andy Tatem disse: “Temos uma oportunidade a nível global de responder à esta doença. Não se esperam drogas ou vacinas efetivas ainda dentro de alguns meses, temos que ser inteligentes no modo em que abordamos, com intervenções não farmacológicas. Nossas descobertas contribuem de maneira significativa a uma melhor compreensão de como otimizar a implementação de medidas e adaptá-las as condições em diferentes regiões do mundo”.

Até o momento, esse trabalho é o mais exaustivo e completo sobre a quantificação dos efeitos relativos dessas medidas sociais que foram tomadas quanto ao Covid-19. Foram utilizados dados de outras 15 investigações que haviam explorado os efeitos possíveis do controle de viajantes, o bloqueio de Wuhan e o rastreio dos contatos na China e em outros países. Os autores também ressaltaram que a distância social deveria continuar durante alguns meses para evitar um novo surto na China.


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