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EPIDEMIAS

Doenças já erradicadas assombram população brasileira e Brusque não está de fora

Sarampo, Poliomielite e Rubéola reaparecem no Brasil por conta da baixa cobertura de vacinação. Entenda por que as pessoas não estão se vacinando.

Publicado em 19/07/2018 às 02:26
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Após alerta do Ministério da Saúde para o reaparecimento de doenças já erradicadas no país, como o Sarampo, Poliomielite, Rubéola entre outras, Brusque busca incentivar a procura pelas vacinas na população, através de campanhas, como a de agosto, que pretende vacinar pessoas de 1 a 49 anos. A ação tem início no dia 6 do próximo mês e vai até o dia 31.

Mais de 321 municípios brasileiros estão com a cobertura vacinal contra a Pólio abaixo de 50% e a Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim) defende que a taxa ideal é de 95% de imunização. Alguns destes municípios são catarinenses, como Pomerode, onde a taxa de vacinação contra a doença é de 38% na segunda dose. Palhoça registra cobertura de 50% do público alvo.

A médica infectologista Silvana Gazola Santucci, da empresa de vacinação particular Bravacinas, explica o por que da diminuição da procura da população às vacinas. “Há uma falsa impressão, principalmente no Brasil, de que doenças como Sarampo, Rubéola, Poliomielite não existem mais, por já estarem erradicadas no país, porém elas estão presente em países da Europa e África, e a vacinação é fundamental para que a população brasileira esteja imunizada”, explica Santucci.

Outro fator, segundo a médica, que pode colaborar para a diminuição da procura é a circulação de boatos e fake news em aplicativos da internet, muitos resistem desde a década de 80 até hoje por isso a informação e o conhecimento, é fundamental na conscientização da população.

Crise migratória 

A Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que já havia emitido um certificado de eliminação da circulação do vírus, enviou recentemente um alerta aos países após a detecção do vírus na Venezuela, segundo Agência Brasil. 

Diante da crise migratória entre diversos países, que sofrem com questões sócio econômicas graves, a solução para evitar que a doença se instale no país, é uma taxa de cobertura de 95% de vacinação. “Em raros casos, algumas pessoas sofrem de sérios problemas e não podem ser vacinadas porém. Porém, se 95% da população estiver com as vacinas em dia estas pessoas estarão protegidas. Ou seja, a vacinação não é uma proteção pessoal, é coletiva”, salienta a médica infectologista Santucci.

A Médica explica ainda que se os brasileiros estiverem vacinados, não há com o que se preocupar em relação aos imigrantes. Pois, uma vez tomadas todas as doses das vacinas elas protegem por toda a vida, além de proteger quem não se vacinou. “Com uma cobertura de 95% da população, esse vírus para de circular, e você protege não só a si, como os outros também”, afirma.

Já o médico infectologista da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) de Brusque, Ricardo Freitas, uma das soluções imediatas que o governo deve adotar quanto a imigração dos refugiados venezuelanos ao Brasil é a cobrança do cartão vacinal destes imigrantes e a vacinação da população o quanto antes.

“O ideal, no meu ponto de vista, seria exigir deles pelo menos um calendário vacinal nacional em dia, que eles se adequem às condições imunopreviníveis do Brasil”, explica Freitas.

Cobertura em Brusque

Em Brusque, a cobertura do público alvo, segundo Secretaria Municipal de Saúde, é de 97,47% de imunização. Porém, a tetra viral que previne o Sarampo, Caxumba, Rubéola e Catapora, está com a cobertura vacinal de 72,54%, por conta de períodos de desabastecimento da vacina no município.

Por conta do grande fluxo migratório do município, algumas vacinas chegam próximo da meta na primeira dose, e abaixo na segunda, como é o caso da VTV, que previne que na primeira dose está com a cobertura de 93% e na segunda de 87%.

Brusque também dá assistência a municípios vizinhos em algumas vacinas, como a que previne a hepatite e a BCG, em recém nascidos, que estão com a cobertura de 100% do público alvo.

Cobertura na região 

Em Guabiruba, a cobertura vacinal na faixa etária menor de 5 anos, considerada obrigatória, apresenta-se em média com 70% de cobertura vacinal. Já adultos e adolescentes costumam não voltar para tomar a segunda dose, conforme explica a enfermeira Ana Lucia Tolentino, da Vigilância Epidemiológica de Guabiruba  “em relação a adolescentes e adultos é difícil “obrigar” a continuar cuidando do seu esquema vacinal”.

Porém, os dois médicos infectologistas entrevistados pelo Portal da Cidade Brusque salientam que as segundas doses das vacinas são fundamentais para o cumprimeito da funcionalidade do medicamento.

“A segunda dose vem para reforçar e corrigir algum erro ou falha que pode ter acontecido na primeira. Isso é difícil de ser averiguado e por isso é fundamental tomar todas as doses indicadas”, salienta a médica Silvana Gazola Santucci.

Adultos também precisam se vacinar

Os adultos são, os mais desprotegidos ou que não conseguem comprovar a imunização. “Geralmente os adultos não tem cartão de vacina, instrumento necessário, para comprovação de vacinação anterior. Nestes casos deve-se iniciar esquema de vacinação, ainda com muita resistência. O que se percebe quem tem medo da doença procura a vacina. Ou só procura a vacina quando tem surto na televisão”, explica a enfermeira Ana Lucia Tolentino.

Doenças como o sarampo, por exemplo, são altamente contagiosas, e podem ser transmitidas pelo ar. Com a globalização, a doença pode se espalhar rapidamente por países, estados e cidades, por isso, a vacinação é tão importante. “Em um avião com centenas de pessoas, se a maioria das pessoas estiverem imunizadas e uma possivelmente doente, a doença não se espalha. Porém, se a grande maioria está desprotegida, surtos podem surgir em diversos países, por isso que se vacinar é tão fundamental”, explica Santucci.

A médica salienta ainda que as “vacinas não previnem doenças bobas, são doenças graves, que matam. É inaceitável que nos dias de hoje, a gente precise registrar mortes por conta de Sarampo, Poliomielite ou Rubéola, doenças completamente preveníveis”, finaliza.


Não vacinar menores é crime

A vacinação em menores de idade é obrigatória, conforme o presidente do Conselho Tutelar de Brusque, Arilson Fagundes. O órgão se baseia no disposto no artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ou seja, "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".

Pelo artigo 249 do Estatuto, o descumprimento do calendário de imunização, que é parte dos “deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda”, está sujeita o infrator a “multa de três a 20 salários mínimos”, sendo o dobro em caso de reincidência. 


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