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CORONAVÍRUS

Entenda porque a Nova Zelândia tem menos casos de covid-19 que Brusque

Casal brusquense que vive no país explica como os neozelandeses vem lidando com a pandemia

Publicado em 19/08/2020 às 22:18
Atualizado em

(Foto: Arquivo pessoal)

A Nova Zelândia é, sem dúvidas, um dos países que melhor vem lidando com a pandemia do coronavírus em todo o mundo. O país conta com apenas 1654 casos confirmados e 22 óbitos desde o início do surto do vírus que vem assombrando a população mundial. Muitas pessoas dizem que o segredo está no tamanho e na população do país (quase 5 milhões de habitantes), mas existem estados brasileiros maiores e com menos habitantes que sofrem com crises muito piores e encontram dificuldades em encontrar soluções a curto prazo. Só a cidade de Brusque, por exemplo, tem mais casos e mortes confirmadas que a Nova Zelândia inteira.

O fato de ser uma ilha permite que a entrada em seu território seja mais fácil de ser percebida, tornando o veto a viajantes de fora consideravelmente mais eficiente. Porém, essa vantagem poderia não ser aproveitada se a Nova Zelândia não agisse rapidamente. O primeiro caso registrado na Nova Zelândia ocorreu em 28 de fevereiro e a primeira morte foi registrada um mês depois. Nessa altura, o país já se encontrava em “lockdown”, implementado em 25 de março. O governo neozelandês anunciou também um investimento de US$ 500 milhões em saúde para conter a propagação da Covid-19. Desse valor, US$ 40 milhões foram destinados à saúde pública com foco no rastreamento de contatos e ampliação da força de trabalho dedicada a essa tarefa.

Por quê a Nova Zelândia é modelo?

Mas afinal, qual é o segredo da Nova Zelândia no combate à covid-19? Há 1 ano e 3 meses no país da Oceania, o casal brusquense Ivan e Fernanda Tottene escolheu a Nova Zelândia para viver em busca de tranquilidade e qualidade de vida. Ivan diz que os neozelandeses fecharam as fronteiras rapidamente, ou seja, ninguém entra, nem sai. Outro fator apontado por ele é o isolamento social interno. “O país deu atenção desde o início para a primeira-ministra, Jacinda Ardern. As medidas tomadas, por mais que muitos não concordassem, foram respeitadas e não tivemos oposições politicas nesse momento. Houve uma união política e social”, aponta. O confinamento rápido e eficiente, o rígido fechamento das fronteiras e o amplo programa de testes na população fizeram parte de uma estratégia “modelo” e bem sucedida para frear o contágio do vírus no país.


Foto: Arquivo pessoal

Estratégias bem sucedidas

Ele conta que a mídia neozelandesa também teve um papel importante: as mensagens eram simples e objetivas, com medidas como avisos no YouTube entre a reprodução dos vídeos, anúncios na televisão em um curto espaço de tempo e mensagens no celular. “Logo todos sabiam que estávamos no nível 4 e qual as medidas de segurança deveriam ser tomadas”, conta.

Assim, a população era orientada de forma organizada e esclarecedora e as medidas tomadas pelas autoridades foram tomadas de maneira uniforme. Os níveis, que Ivan cita, são estágios definidos pelo governo simplificando as ações a serem tomadas para cada nível de contaminação. No “level” 4, o mais restrito, o país adotou medidas mais rígidas. “Durou 6 semanas e podíamos sair de carro para ir ao mercado, farmácia, hospitais e postos de gasolina, que eram os únicos lugares abertos. Caso alguém estivesse andando de carro sem ser por esses motivos, a polícia podia mandar parar e abordar, apesar de não haver nenhum tipo de punição. A punição era a vergonha de não seguir os procedimentos estabelecidos”, diz Ivan, evidenciando uma consciência e diferença cultural enorme dos neozelandeses em relação aos brasileiros.

O país chegou a ficar por 102 dias sem transmissão local e registro de novos casos, o que fez a Nova Zelândia flexibilizar um pouco as restrições e estabelecer “nível 1”, com a vida dos habitantes sendo praticamente igual à normalidade, porém, com as fronteiras do país ainda fechadas. No dia 11 de agosto, 13 novos casos foram registrados na cidade de Auckland e logo em seguida, a Nova Zelândia voltou ao nível 2, enquanto o município com os registros de novos casos passou para o 3.


Jacinda Ardern, premiê da Nova Zelândia. Foto: Reuters

No nível 3, as pessoas trabalham de casa, com exceção dos trabalhadores essenciais. Foram fechados os locais públicos, bares, restaurantes e negócios. O país de pouco menos de 5 milhões de habitantes havia voltado à "normalidade" em 9 de junho, depois de impor medidas rígidas de contenção da pandemia.

Brasil deve tomar como exemplo?

Ivan evita falar em “lições” que a Nova Zelândia poderia deixar a outros países, como o Brasil, por exemplo, que é vice líder em número de mortes e casos. Mas para ele, o principal segredo dos neozelandeses no combate à pandemia é a unidade do governo e a conscientização da população. O brusquense crê que não há apenas uma forma correta de lidar com a situação e que cada governo deve se adaptar de acordo com as necessidades. “Acredito que não seja uma via de mão única, não se pode resolver um problema criando outros. Cada governo deve lidar de forma diferente, procurando um resultado positivo de forma geral, as medidas tomadas pela Nova Zelândia talvez não fossem as melhores para o Brasil. Acho que ao combater o vírus não podemos fechar os olhos para a economia, pois ela enfraquecida também pode ser responsável por destruição, fome e mortes”, analisa.

O casal mora com os dois filhos em Mount Maunganui - Tauranga, lugar onde não há tanta grande presença de outros brasileiros. Eles recomendam o país como um local “incrível” tanto para se conhecer, como para morar. A Nova Zelândia é um dos países mais desenvolvidos e industrializados do mundo, e possui ótimos índices de desenvolvimento humano e qualidade de vida.

por Celio Bruns Jr

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