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Outubro Rosa

Maioria das mulheres com câncer de mama é abandonada pelos maridos

Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brusque oferece acompanhamento psicológico à quem enfrenta a doença

Publicado em 21/10/2019 às 23:11
Atualizado em

(Foto: Arquivo pessoal / Divulgação)

O mês de outubro já virou sinônimo de prevenção ao Câncer de Mama. Com a Campanha Outubro Rosa, o tema ressurge na mídia e mobiliza diversas entidades e sociedade civil em ações de conscientização. O motivo é simples: o câncer de mama é um dos tipos oncológicos mais recorrentes em mulheres no Brasil, ficando atrás, apenas, do câncer de pele. 

Quem é diagnosticado com a doença vê a sua vida mudar radicalmente e em uma velocidade muito rápida. É por isso que psicólogos alertam para a atenção e cuidado às pacientes. Para elas, a compreensão e o apoio da família faz toda a diferença no processo de cura da doença.  

No entanto, nem sempre isso acontece. Uma pesquisa publicada recentemente revela que mais de 70% das mulheres que são diagnosticadas com o câncer de mama são abandonadas pelos maridos.  

O número impressiona e lamentavelmente é uma tendência percebida nas pacientes em Brusque. De acordo com a psicóloga Maria Guadalupe Fuentes que faz o acompanhamento psicológico das mulheres da Rede Feminina de Combate ao Câncer, esta realidade se aplica a inúmeras pacientes atendidas pela rede.  

O abandono e a falta de apoio prejudica a evolução do tratamento oncológico. “É comprovado que o fator psicoemocional da paciente pode refletir de forma direta na evolução positiva ou negativa da doença”, diz a psicóloga Guadalupe, afirmando que muitas pacientes ficam abaladas com a falta de apoio. “Elas se sentem desestruturadas, negligenciadas, abandonadas e humilhadas”, complementa.

Fator Social  

Segundo a psicóloga, o fator social é uma das principais causas que podem ser atribuídas ao abandono das mulheres que lutam contra o câncer de mama. “Os padrões de beleza impostos pela sociedade são um agravante pois geram pressão. Isso relacionado ás questões históricas da constituição do casamento acabam deteriorando significativamente os papéis dos componentes de uma relação”, explica.  

Acompanhamento Psicológico

Para encarar uma realidade tão conturbada em meio às ações diárias de superação em relação à doença, o acompanhamento psicológico se faz necessário. Segundo Guadalupe, tanto o paciente, quanto a família precisam receber o suporte emocional. 

A estrutura familiar pode ser comprometida e abalada com as incertezas referentes ao tratamento e à expectativa de vida da paciente. “Questões relacionadas à possível sofrimentos físicos oriundos de efeitos secundários da químio e/ou radioterapia, entre outros, podem representar um grande peso na vida dos envolvidos”, relata.

A ausência do acompanhamento psicológico da mulher diagnosticada pode resultar em outras doenças. Entre elas síndromes e transtornos de ordem emocional, ocasionadas pela possibilidade de morte. “Isso acaba gerando angústia e ansiedade e quando isso não é manejado por pessoas capacitadas podem se desenvolver outras problemáticas, como é o caso da depressão, por exemplo”, diz Guadalupe.

Ressignificação da identidade feminina  

Dependendo do nível da doença em que a mulher é diagnosticada, ela acaba tendo que passar por procedimentos como a quimioterapia que resulta na queda do cabelo, e em alguns casos a retirada da mama é uma determinante.  

Estes componentes corporais são capazes de atingir as pacientes em seu emocional, naquilo que diz respeito à sua feminilidade. Principalmente em caso de mutilação, o trabalho no campo psicológico é todo voltado para a ressignificação da identidade feminina.  

Este trabalho de ressignificação é desenvolvido em Brusque pela rede de combate ao câncer e ocorre no processo de compreensão subjetivo da identidade da mulher. “Não a partir de padrões externo, mas sim por dentro. Pela sua essência, relevância e valor como ser humano e como mulher”, finaliza a psicóloga Guadalupe.  


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