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Mandetta explica aumento excessivo de casos de covid-19 em Brusque

Em entrevista ao Portal da Cidade, ex-ministro falou exclusivamente do estágio que a pandemia se encontra no município

Publicado em 10/08/2020 às 23:09
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(Foto: Skype/Portal da Cidade Brusque)

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal da Cidade Brusque nesta segunda-feira (10). Na ocasião, ele explicou sobre o aumento excessivo de casos no município após determinado estágio alcançado pela pandemia.

Após deixar o Ministério da Saúde, Mandetta começou a participar ativamente de lives e entrevistas para auxiliar os municípios catarinenses que estão nas regiões classificadas como risco potencial gravíssimo de contaminação. Recentemente, inclusive, foi convidado por um hospital de Tubarão (SC) para participar de uma transmissão ao vivo, além de já ter concedido entrevista ao Grupo NSC.

O ex-ministro explica que Brusque está passando pelo segundo estágio de proliferação do vírus, onde os números aumentam de forma excessiva. Porém, antes disso, na época que poucos casos estavam sendo registrados na cidade, os cuidados acabaram não sendo necessários para evitar o início da fase de transmissão em massa. “Quando essa doença começa a entrar no município, em um estado ou em uma região, ela começa entrar igual uma brisa suave, começa sempre com poucos casos. O vírus precisa ter um número maior de gente para que ele possa entrar em uma segunda fase, que é a fase de transmissão desordenada”, afirma.

“Na primeira fase é possível identificar e tentar fazer o bloqueio, é o período de testagem muito intensa, da vigilância muito intensa, do isolamento domiciliar e de isolar os contactantes”, ressalta.

Mandetta afirma que o segundo período de proliferação em massa acontece, também, após muitas pessoas menosprezarem a força da doença, evitando os cuidados iniciais que deveriam ser tomados quando ela ainda estava no início.

“Quando você entra na fase da transmissão desordenada, que é o que parece que entrou Brusque em um determinado momento, o gráfico da doença rapidamente sobe. Você vê em uma fase meio contínua, com dez, com 15, com 20, 13, 14, 16 e as pessoas começam a minimizar, acham até engraçado, ‘nossa, estão fazendo esse barulho todo por causa de uma doença que não chega nunca’, e as pessoas começam a criar teorias, até que chega uma hora que um número x de pessoas é o suficiente para que o gráfico suba abruptamente, onde você passa de 20 para 60, de 60 para 100, de 100 para 200, de 200 para 300 e o número de casos vai aumentando exponencialmente”, explica.

Sobre a lotação máxima nos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) destinados à covid-19 na cidade - o que forçou os órgãos municipais a negociar com o Governo do Estado o envio de novos leitos -, Mandetta diz que isso acontece por conta do número de pessoas que, mesmo sendo baixo, acabam necessitando de internação, fato que atinge principalmente os mais idosos.

“A taxa de contágio quando você está nesta fase com a cidade se movimentando joga extremamente a favor do vírus. E aí 85% das pessoas evoluem muito bem dessa doença. Normalmente os mais jovens têm apenas um estado gripal, uma febre, mas tomam medicamentos caseiros, passam-se cinco dias, a febre baixa e uma semana depois eles estão em bom estado geral. O problema dessa doença é que como esta transmissão desordenada acontece em um curto espaço de tempo, 15% das pessoas vão precisar de hospital e 5% de UTI, e é aí que acontece o colapso eventual do sistema de saúde, quando você chega próximo a 100% das vagas atendidas e não tem como atender aqueles que precisam da internação hospitalar e começamos a ver morte por desassistência”, afirma.

“É igual um jogo de roleta russa, se você não diminuir a transmissão, você sabe que você vai ter todos os dias cerca de cinco pessoas, oito, dez, quatro pessoas, seis pessoas que vão precisar de hospital. Eu acho que desassistência não combina com cidadania e aí é hora da cidade se reunir e saber se ela vai querer bancar esse jogo de transmissão elevada e poucos leitos (...) se não consegue expandir a rede e continuar com essa transmissão elevada, é um risco muito grande você deixar tudo aberto e funcionando. O vírus vai agradecer e fazer muitas vítimas na nossa querida Brusque”, finaliza.

por Thiago Facchini

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