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PREVENÇÃO

Suicídio: Conheça doenças mentais que levam à prática e como identificar sinais

O Portal da Cidade Brusque entrevistou a Psicóloga Maria Verônica Zink e detalhou as principais doenças mentais que podem levar ao suicídio.

Publicado em 21/09/2018 às 06:00
Atualizado em

(Foto: Divulgação)

Nos próximos dias entramos na última semana de setembro, mês em que se trabalha a importância da vida a partir da prevenção contra o suicídio com a campanha Setembro Amarelo. O que muitas pessoas associam a esta campanha é a luta contra Depressão mas este não é o único transtorno mental ou doença que pode levar uma pessoa a tentativa do suicídio.

Pensando nisso, o Portal da Cidade Brusque elencou quatro doenças ou transtornos mentais que podem levar ao suicídio e convidou a psicóloga Maria Verônica Zink para falar sobre estas doenças que são: Depressão, Transtorno Afetivo Bipolar, Transtornos ligados ao uso de álcool e outras drogas e Esquizofrenia. Zink fala também sobre um desafio que está rolando na internet e levou crianças e adolescentes a cometerem suicídio, a Boneca Momo.

Mas antes, vale ressaltar dois fatos históricos sobre a campanha Setembro Amarelo, a iniciativa é brasileira promovida pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), setembro é o mês escolhido por quê no dia 10 deste mês se comemora o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

A cor amarela surgiu a partir da história do jovem americano, de 17 anos, Mike Emme, que se matou dirigindo seu carro amarelo. No velório de Mike, famílias e amigos distribuíram cartões com fitas amarelas. O fato aconteceu em 1994.

Muitas pessoas associam o suicídio a apenas doenças mentais porém, a psicóloga Maria Verônica Zink explica que outros fatos podem levar à prática “o suicídio não vem só dos transtornos psicológicos, mas situações como dívidas, uso de drogas esporádicas, mas que possuem um efeito de grande magnitude, entre outras podem ser relacionadas ao suicídio”, explica.

Outras pessoas associam o suicídio apenas a depressão, mas esta é apenas uma das doenças que podem levar uma pessoa a tentar ou praticar o suicídio. Zink explica um pouco sobre elas.


Depressão

A Depressão, ou Transtorno Depressivo Maior, tem como característica sintomas deprimidos como ‘’sentir-se vazio, sem esperança’’, perda ou diminuição do interesse em tarefas cotidianas, sentimentos de inutilidade, insônia, ideação suicida, entre outros. 

Em adolescentes a Depressão pode se manifestar com o retraimento social, crises de raiva e mau desempenho escolar. 

Para algumas pessoas, o que mais marca quando ocorre a Depressão não é a parte da tristeza em si, mas a sensação de vazio, falta de sentido e uma sensação de ausência de sentimentos.


Transtorno Bipolar

A principal característica desse transtorno é a alteração extrema do humor que oscila entre depressão e mania. A pessoa pode apresentar sintomas na mania como: agitação, irritabilidade, falta de concentração, fala muito rápida, comportamento agressivo. Enquanto na fase depressiva os sintomas são fadiga, dificuldade de concentração, sentimento de desamparo, mau humor, pensamentos suicidas, entre outros.

O Transtorno Bipolar não tem cura, mas o tratamento é feito com psiquiatra e psicólogo e é mais frequente dos 18 aos 25 anos.


Transtornos por uso de álcool e outras drogas

Esse transtorno pode se apresentar com uma probabilidade de 25% dos casos e ocorre mais em homens, mas isso não significa que as mulheres não poderão desenvolver. A utilização dessas substâncias traz sensação de prazer e ganho ao cérebro, por isso seu uso acaba sendo mais frequente pois a pessoa quer sentir as sensações novamente. 

Em alguns casos a tendência a ter o Transtorno por uso de Álcool e Outras Drogas está ligado a existência de algum outro transtorno psiquiátrico. Sem falar nos problemas familiares, sociais, físicos entre outros que a pessoa começa a enfrentar por conta do uso dessas substâncias.


Esquizofrenia

A Esquizofrenia se caracteriza por sintomas como alucinações, delírios e fugas da realidade com a distorção de pensamentos e da percepção. Os delírios podem ser relacionados a perseguição, religião, ideias grandiosas, entre outros.

O risco de suicídio é grande, pois uma das dificuldades é da pessoa conseguir distinguir o que é real e o que acontece de imaginário dentro do cérebro.


Boneca Momo

A boneca Momo é um desafio virtual que está em alta no Brasil. A Momo é descrita como uma boneca de olhos esbugalhados, pele pálida e sorriso sinistro. Quem faz o desafio da Momo pode ser submetido a extorsão, roubo de informações e principalmente tentativas de cometer o suicídio ao cumprir determinadas atividades.

Zink alertam os pais sobre os perigos destes desafios, “os pais precisam ficar de olho casos seus filhos manifestem sinais que algumas coisas mudaram como comportamentos agressivos súbitos, mas não é necessário julgar a criança que faz isso, pois ela pode começar a não querer contar os eventos com medo de ser punida bruscamente”, explica a psicóloga.

 

Precisamos falar sobre suicídio

Você já conversou com alguém sobre suicídio?  Como falar sobre um tema tão polêmico e muitas vezes dolorido? Para quem nunca teve um caso na família ou com amigos próximos, pode parecer algo distante, quase impossível de atingir sua casa ou amigos, mas conversar da maneira correta e assertiva, é o melhor caminho. 

“A melhor forma é não julgar, não banalizar o sofrimento do outro. É oferecer ajuda indo junto ao psiquiatra, ao psicólogo, escutando as queixas, mas sem criticar dizendo que é ‘’falta de vontade’’ ou ‘’falta de Deus’’. São transtornos sérios que precisam de tratamento e apoio, para que a pessoa sinta que não está incomodando e que cada esforço de melhora vale a pena” ressalta a psicóloga Maria Verônica Zink.

Conversar e ler sobre o suicídio auxilia também na hora de identificar os sinais que podem levar uma pessoa a tentar ou cometer o suicídio. “Os sinais estão relacionados ao afastamento social, choro excessivo, a pessoa pode expressar que já pensou em desistir da vida, falas de que não quer mais viver e que não vê mais esperança, podem ser um dos sinais. A pessoa com ideia suicida ainda pode mudar o comportamento repentinamente como começar a se despedir, se desfazer de objetos ou criar um testamento, entre outros. Um sinal importante nos adolescentes é a automutilação”, explica a psicóloga.

Uma das principais saídas é oferecer ajuda, e se mostrar disposto a ouvir, ajudar e estar presente em momentos difíceis. Quem desempenha este papel muito bem é o Centro de Valorização da Vida (CVV), qualquer pessoa pode conversar sobre qualquer assunto com os voluntários ligando para o número 188 ou através dos chats. 


4ª maior causa de morte entre os jovens

No Brasil, o suicídio é a quarta causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, no mundo chega a ser a segunda maior. Entre os homens é a terceira e entre as mulheres a oitava maior causa. 

Em 2017, cerca de 11 mil pessoas tiraram a própria vida, mais de 176 mil pessoas causaram lesões em si mesmas, 27,4% delas foram tentativas de suicídio. As mulheres são as que mais tentam e as mais reincidentes nas tentativas para tirar a própria vida, cerca de 69%, os homens somam 3% porém são os que mais morrem devido ao suicídio. Os dados são tirados da última pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde. 


Mitos em torno do Suicídio

Por ser considerado um tabu, alguns mitos foram criados em torno do suicídio justamente pela falta de diálogo e informação sobre o tema. O Portal da Cidade Brusque pesquisou e com a ajuda da psicóloga Maria Verônica Zink, desmentiu algumas crenças acerca do tema.

Quem vai ser matar não avisa? “É uma grande mentira o senso comum que as pessoas têm ‘’quem vai se suicidar não avisa’’, as pessoas podem sim avisar, pois é como um pedido de socorro para que alguém olhe para aquele sofrimento e a ajude a ver um caminho alternativo”, ressalta Zink.

Outro fato é de que falar sobre o tema na mídia pode incitar ou incentivar pessoas a se matarem, mas isso não é verdade. A mídia tem um grande papel de educar e mostrar como as pessoas que estão prestes ou pensando em se suicidar dão. O segredo é falar de maneira assertiva sobre o tema.

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