Tudo começou com uma doação. Foi quando o chanceler norueguês e empresário Carl Deichman legou sua coleção de 6.000 livros aos cidadãos de Christiania -hoje Oslo- em 1785.
Ele dificilmente poderia imaginar que, 216 anos depois, seu legado teria evoluído para uma biblioteca pública única de seis andares baseada em um sistema de classificação automática de livros.
Se ele tivesse vivido hoje, teria adorado ver seu legado se tornar a base para a melhor nova biblioteca pública do mundo em 2021. Além de uma longa história e um catálogo invejável, em seu enorme prédio possui estúdios de gravação, impressoras 3D e até cortadoras de vinil.
A principal biblioteca daquela cidade norueguesa, Deichman Bjørvika foi escolhida como Biblioteca Pública do Ano, prêmio concedido pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecas e Bibliotecas -IFLA, na sigla em inglês- em colaboração com a empresa de software dinamarquesa Systematic ÀS. Deichman, que ‘concorreu’ com cerca de trinta instituições, vai receber cinco mil dólares. As outras cinco bibliotecas finalistas foram a Biblioteca Marrickville –da Sydney, Austrália; o Het Predikheren -de Mechelen, Bélgica-; a Biblioteca Ningbo -de Ningbo, na China- e Forum Groningen -de Groningen, na Holanda-.
Mais que um paraíso de livros
Cem anos depois de abrir suas portas em 12 de janeiro de 1785, o bibliotecário Haakon Nyhuus triplicou o número de cópias e tornou-se a primeira biblioteca pública da Noruega. Localizado em frente ao porto de Oslo, entre a estação ferroviária central e a Ópera daquela cidade, o Deichman foi projetado por dois escritórios de arquitetura que foram contratados para projetar um edifício que inspiraria os visitantes a explorar as novas instalações e participar de múltiplas atividades.
Tem seis pisos, um restaurante, um café, recantos para ler confortavelmente revistas e jornais, um cinema, uma obra de arte de Lars Ø Ramberg -Brainstorm, que pende do teto-, salas de exposições, um espaço de jogos para crianças, estúdios de gravação com instrumentos musicais e um amplo setor com impressoras 3D, máquinas de costura, cortadores de vinil, máquinas de solda e outras ferramentas para participar de oficinas criativas, embora devido a medidas sanitárias pela pandemia da Covid-19, algumas dessas atividades estão temporariamente suspensas.
Faro para futuras bibliotecas
As salas de leitura e pesquisa estão localizadas no quarto e quinto andar. O sexto oferece uma ampla vista do fiorde. O presidente do júri, Jakob Lærkes, lembrou que o prêmio de Biblioteca Pública do Ano "quer homenagear modelos e a biblioteca vencedora, Deichman Bjørvika, é um exemplo brilhante."
A biblioteca possui 85.000 livros infantis, 320.000 romances e contos infantis, 320.000 livros para adultos, 216.000 romances para adultos, 960 assinaturas de jornais e revistas, 25.000 audiolivros, 53.000 gravações musicais, 50.000 filmes e 10.000 títulos de e-books.
Além disso, participa de um projeto de arte iniciado em 2014, denominado Biblioteca do Futuro, onde serão armazenados textos originais de cem escritores até 2114, no quinto andar. Manuscritos de Karl Ove Knausgård, Margaret Atwood, David Mitchell, Sjòn, Elif Shafak e Han Kang já estão hospedados.
O júri também destacou algo óbvio. O Deichman é um edifício bonito e impressionante que serve de faro para futuras bibliotecas. Na Noruega, no ano passado as bibliotecas públicas só fecharam de 12 de março a 11 de maio de 2020, quando os livros começaram a ser emprestados e recebidos. Desde o dia 2 de junho do ano passado eles abriram com operação quase normal, todos os dias.
O mundo do entretenimento é um grande mundo. Vai desde a leitura, fotografia, cozinha, até ao jogo, como se pode fazer em Betano.
