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Off-Road

Provas de velocidade agitam programação da Fenajeep

Gaiolas voam na pista da Festa Nacional do Jeep

Publicado em 22/06/2019 às 05:18

(Foto: Divulgação/Reprodução)

(Foto: Divulgação/Reprodução)

Nesta sexta-feira, 21 de junho, o movimento de gaiolas foi intenso na pista da XXVI Fenajeep, realizada no Pavilhão da Fenarreco, em Brusque (SC). O empenho dos mais de 100 pilotos surpreendeu, inclusive, os diretores de prova, Claudiomir Reitz, o Kiko, e Bruno Cesar Lang, responsáveis pelo traçado e organização dos competidores.

“Tinha os meus pilotos favoritos antes de iniciar a prova, mas já mudei minha opinião. A cada volta o tempo baixa e está sendo um troca-troca do primeiro lugar. E vai ser assim até domingo, quem acumular os menores tempos, ganha”, afirma Bruno. 

Segundo ele, conforme o esperado, o primeiro dia de disputa foi também de adaptações e tudo ocorreu dentro da normalidade. Os pilotos aprovaram o traçado da pista, a iluminação foi suficiente para as corridas durante a noite e a ampliação do acampamento dos pilotos trouxe mais qualidade para a acomodação. Só a poeira levantada dificultou a visualização da pista e chegou a atingir parte do Salão Off-Road e Praça de Alimentação. “Hoje irrigamos toda a pista de manhã e não levanta mais poeira. Vamos manter este padrão para que os pilotos possam dirigir tranquilamente, sem atrapalhar o competidor que está ao lado. Isso também melhora a visualização de quem está na arquibancada e acompanha este espetáculo de velocidade”, conta Kiko, que há quatro anos coordena as competições indoor na Fenajeep. 

Pista 

De acordo com o diretor de prova, sempre que uma Fenajeep chega ao fim, toda avaliação feita pelos pilotos é levada em consideração. Em 2018 o traçado foi elogiado, o que não significa que não possa melhorar. “Este ano arredondamos mais as curvas, o que permite que o piloto acelere um pouco mais, explore a capacidade do motor. Em compensação, reforçamos a segurança, com paredões mais altos. Também tiramos a rampa, que apesar de ser um ícone da Fenajeep, sempre danifica muitos carros. Pode ser bonito de ver, gera emoção, mas a segurança estava comprometida”, pontua Bruno. 

Com cerca de 50 metros a mais do que a pista do ano passado, o que o público pode esperar da XXVI Fenajeep são corridas mais velozes, pelas curvas menos acentuadas e ausência da rampa. Ao todo, são 600 metros de adrenalina. 

Jeep Indoor 

Neste sábado, às 9h, é a largada da modalidade do Jeep Indoor. Cerca de 50 pilotos são esperados na disputa, vindos de todas as regiões do Brasil e, inclusive, do exterior. “Temos competidores do Sul e do Sudeste. Do Moto Grosso do Sul e da Paraíba. Já do exterior devem estar presentes pilotos do Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai. Temos parceria com o Campeonato Brasileiro e uma das etapas acontecerá aqui dentro”, explica Kiko. 

O diretor ainda lembra que os pilotos que assumem a liderança da competição geralmente são os que competem no Brasileiro. “E, para eles, o troféu de campeão da Fenajeep tem mais valor do que o do próprio campeonato”, brinca. 

Desafio 

Ainda na tarde de sexta-feira a pista da Fenajeep foi liberada para o treino da modalidade Desafio. Os carros desta competição são reconhecidos por seus pneus grandes e estrutura mais robusta. Tudo isso para resistir ao sobe e desce, aos buracos, troncos e pedras estrategicamente depositados pelo caminho. 

“Aproveitamos a sexta-feira para fazer alguns ajustes na pista, embora ela esteja pronta. As fotocélulas para a cronometragem já estão instaladas e em funcionamento. Agora é só aguardar para a largada oficial, às 9h de sábado”, afirma o diretor do Desafio Fenajeep, Luiz Gustavo Ullrich. 

Assim como a pista das disputas indoor, o Desafio também foi instalado em uma distância maior do que em 2018. A novidade é para o formato do traçado, que lembra uma ferradura e permite que todas as arquibancadas acompanhem a performance do piloto bem de perto. Outra inovação é uma subida com troncos, logo depois de um buraco cheio de lama, o que aumenta a dificuldade na condução do carro. “São cerca de 40 inscritos nesta atração, na qual o público gosta e os pilotos se divertem”, acrescenta Luiz Gustavo. 

Para participar do Desafio o carro precisa estar equipado para trilhas de nível pesado, ter guincho e gaiola de proteção para caso de tombamentos. É a única prova na pista da Fenajeep que, dentro do carro, estão duas pessoas: piloto e Zequinha. “Eles só largam se estiverem com capacete e cinto de segurança. Os carros geralmente são transformados para melhorar o motor. Vence quem fizer a volta mais rápida”, detalha. 

Gaiolas divididas 

Ana Vitória Tomasi tem 21 anos e, em 2019, faz sua terceira competição na Fenajeep. Natural de Brusque, ela garante que a paixão pelo universo off-road veio do pai, Ademar, mas a possibilidade de se tornar piloto foi incentivada pelo irmão mais novo, Lucas, que há quatro anos aprendeu a acelerar e se apaixonou pelas gaiolas. 

“Aos 18 anos ganhei uma gaiola e, como o meu irmão, comecei a competir. Meu namorado Alexander também conheci neste movimento off-road. Ele já foi piloto, mas acabou se afastando do esporte. Agora decidiu voltar e, juntos, dividimos a mesma gaiola”, conta Ana Vitória. 

Ela recorda que desde pequena aprendeu a viver da emoção pela velocidade. No sítio da família, por exemplo, pilotava um quadriciclo. E essa paixão pelo esporte também a aproximava do pai, que geralmente deixava as atribuições da empresa apenas para apreciar as competições off-road.   

Na tarde de sexta-feira, Ana Vitória já havia dado três voltas na pista da Fenajeep e lamentava estar na última colocação quando comparada ao desempenho do irmão e do namorado. Ainda assim, para os Tomasi, o que vale é a classificação da equipe. “Acho que o meu irmão está liderando neste momento”, comemora a jovem, que nos próximos meses vai acelerar sua gaiola na Argentina. 

Quem também divide sua gaiola por amor é a piloto Silvana Scheis, 40 anos, que mora em Blumenau. Ela explica que a paixão por velocidade iniciou acompanhando provas em Santa Catarina. Em 2014, enquanto assistiam uma disputa em Imbuia, surgiu a oportunidade de comprar uma gaiola. “Meu marido Laudinei começou a correr naquele ano mesmo. Já em 2015 reivindiquei também o meu direito em participar e, desde então, a gente divide o carro”, afirma Silvana. 

Juntos, o casal já disputou por dois anos o Brasileiro. Hoje, por conta do investimento, apenas Laudinei segue nesta disputa nacional. Mas Silvana, pelo quinto ano consecutivo, junta todas as suas economias e paga a inscrição para correr na pista da Fenajeep. 

“Minha filha Emily às vezes me pede para comprar algo e respondo que não, justificando a economia para estar aqui. Quando abrem as inscrições já tenho o valor guardadinho. Estar na Fenajeep é uma emoção que não tem explicação. É algo tão maravilho que só estando dentro de uma gaiola para entender”, reconhece. 

Para Silvana, sempre que o evento se aproxima, uma alegria se instala na rotina da família. Só assim para entender como é possível estar acordada às 3h para trabalhar no carro. “E o principal nem é a vitória, são as amizades feitas neste universo. Não tem troféu que pague o que vivemos aqui”. 

Relíquias 

Além das provas e dos passeios que acontecem durante a Fenajeep, uma das atrações que encanta o público são as exposições de Viaturas Militares e Jeep Willys. Verdadeiras relíquias de duas ou quatro rodas, elas contam um pouco da trajetória dos veículos criados para combate e que hoje são o grande motivo de entretenimento, reunião de famílias e amigos na Fenajeep. 

Na exposição é possível encontrar um caminhão do Corpo de Fuzileiros Navais, ano 1969; um CCKW, que é um caminhão tanque, dividido ao meio; e até um jipe de 1951. Além disso, a exposição conta com uma moto que é uma réplica de um modelo de 1944, onde foram fabricadas apenas mil delas em todo o mundo, sendo que apenas 60 desse modelo vieram para o Brasil. 

“Para nós é uma honra sermos convidados para participar dessa festa. Viemos há anos neste que é um dos eventos mais esperados por nós, da Companhia Indestrutíveis. Nesta edição trouxemos algumas viaturas novas, recuperadas e reformadas e estamos muito felizes pois alcançamos nosso recorde: ao todo são 30 viaturas de diversos preservadores do país na Fenajeep, o maior número de veículos que conseguimos até hoje”, comenta o secretário geral da Cia Indestrutíveis, Dagoberto Simon Patrício. 

No local também é possível encontrar modelos de Jeep Willys. O veículo, desenvolvido a pedido do Exército Norte Americano para a 2ª Guerra Mundial ganhou o mundo, foi produzido no Brasil até entre as décadas de 1960 e 1980 e até hoje encanta admiradores do mundo off-rod. “O jipe é um dos veículos mais antigos do mundo e está vivo até hoje. Temos aqui diversos modelos, entre eles um modelo 1942, da época da Segunda Guerra. E para nós é uma alegria enorme já que, se não fosse por eles e pelas pessoas que são apaixonadas pelos jipes não teríamos a nossa Festa”, detalha o presidente do Brusque Jeep Clube e integrante da Comissão Organizadora da Festa, Vilmar Walendoswky (Negão).

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