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Família acolhedora: o que é, como funciona e como ser?

Atualmente, o número de famílias acolhedoras no município é bastante abaixo da demanda

Publicado em 17/05/2018 às 07:47

(Foto: divulgação)

Oportunidade de convivência em um ambiente familiar sadio para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social é o que busca o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora de Brusque, projeto de origem federal, promovido há seis anos pela Prefeitura de Brusque, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação. 

Atualmente, porém, o município conta com apenas duas famílias acolhedoras, sendo que mais três estão em processo de capacitação. O número é bem abaixo do necessário para que a cidade possa suprir a demanda de acolhimento dos jovens que, por variados motivos, são retirados temporariamente do seio familiar original. 

Para tentar conscientizar mais famílias brusquenses acerca da importância do acolhimento provisório dessas crianças e adolescentes, ocorre no próximo dia 24 de maio, o III Seminário Municipal de Acolhimento em Família Acolhedora. O evento ocorre a partir das 18h, no auditório do Colégio São Luiz, contando com a presença de  juízes, promotores e também famílias acolhedoras de Brusque, Campo Alegre e Palhoça.

“Existe um movimento encampado pela Organização das Nações Unidas que visa o fechamento de todos os abrigos, dando preferência para o acolhimento familiar. Hoje, as crianças que são expostas a algum tipo de mau trato e precisam ser retiradas da convivência familiar, já possuem o acolhimento familiar como uma alternativa à instituição. A preferência é para que sempre ocorra esse acolhimento”, cita a assistente social Danielly Vieira, em entrevista a Portal da Cidade Brusque.

Apesar de existente desde 2012, foi apenas dois anos depois, em 2014, que houve o primeiro cadastro de uma família acolhedora no município de Brusque. A psicóloga Inara Marques de Oliveira Ceron Riciatti ressalta que ainda existe certa resistência da população para com este tipo de serviço voluntário. Para ela, é preciso um maior conhecimento da comunidade brusquense para que preconceitos e tabus sejam quebrados.

“As famílias acolhedoras contam que foi a maior experiência da vida delas. Elas aprendem e crescem com a criança e acabam desenvolvendo o amor nas crianças. E para as crianças também é salutar, pois, elas vão conseguir levar esse amor, esse sentimento. Elas vão conseguir levar essa vivência positiva para a nova família dela”, complementa.

É preciso deixar claro que o serviço de acolhimento não é permanente. Não se trata de adoção. Trata-se, como o próprio nome diz, de um lar temporário, até que a criança ou jovem, ou seja devolvido ao seu âmbito familiar, ou seja adotado por uma nova família.

O caminho

Vieira explica que o primeiro contato é feito pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que notifica a Assistência Social sobre a necessidade de acolhimento de determinada criança ou adolescente. Com o perfil em mãos, se uma família cadastrada no projeto estiver livre, ela é contatada. Nesta ocasião, é verificada a sua disponibilidade para receber ou não o jovem.  

Logo no período de cadastro, cada família acolhedora expressa qual é a faixa etária que deseja receber, por ter mais afinidade ou facilidade de relacionamento. “Trabalhamos para que o acolhimento seja pelo menor tempo possível, para que o caso desta criança ou adolescente seja resolvido. Em Brusque, em média, cada família acolhe um jovem por seis meses”, continua Danielly.

O relato de uma família acolhedora

Marisa e Iara, uma das famílias acolhedoras de Brusque, contam que descobriram o projeto no início de 2015, através de uma reportagem na mídia regional. Por acharem que possivelmente seria uma experiência bastante gratificante, elas decidiram conhecer e aderir. Hoje, passados três anos, elas contam que a vivência vem sendo grandiosa.

“Gostamos da ideia, aceitamos, e iniciamos ali o processo de credenciamento. Todos os ensinamentos que recebemos durante as capacitações. Nós recebemos uma criança de um ano e oito meses e agora estamos com uma adolescente de 15. Todos esses ensinamentos que recebemos nesta trajetória continuam presentes conosco. Hoje sabemos tratar alguns assuntos com as crianças e adolescentes”, explicam.

“Esse afeto, esse carinho, isso tudo fortalece a criança, traz confiança e elas começam a ter conosco uma relação de afetividade. E é nesse momento que temos todo o amparo dos técnicos da família acolhedora, que vão conosco construindo, caminhando e mostrando pra nós que todos os passos que damos com essas crianças são o caminho para elas se fortaleçam”, continuam.

Para quem desejar ser uma família acolhedora, o primeiro passo é entrar em contato com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação, através do telefone 47 32511885.


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