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ECONOMIA

Negociações por piso salarial estadual 2023 é iniciada

Na rodada realizada na sexta-feira, o livro que relata a história da criação do Piso em SC foi apresentado

Publicado em 19/12/2022 às 13:19

(Foto: Sandra Werle - Assessoria de Imprensa Dieese)

(Foto: Sandra Werle - Assessoria de Imprensa Dieese)

(Foto: Sandra Werle - Assessoria de Imprensa Dieese)

A negociação para definir o índice de reajuste do Piso Salarial Estadual em 2023 foi aberta na última sexta-feira (16). A segunda rodada ficou marcada para o dia 26 de janeiro de 2023, quinta-feira, às 14h, na FIESC.

Pelo 13º ano consecutivo, sentam-se de um lado da mesa representantes do Dieese-SC, Centrais Sindicais e Federações de Trabalhadores e, do outro lado, dirigentes da Fiesc e demais Federações empresariais, tendo como ponto em comum a intenção de chegarem ao acordo sobre o índice que será aplicado sobre as quatro faixas do Piso a partir de janeiro de 2023. Santa Catarina é o único estado, entre os cinco do país, que têm um piso regional, onde o reajuste anual é definido pela negociação trabalhadores/empresários, cumprindo assim a Lei Estadual (Lei Complementar Nº 459, de 30/09/2009), que instituiu o Piso.

A reivindicação dos trabalhadores é de reposição integral do INPC de 2022, mais aumento real de 5%. Mas, nesta primeira rodada os empresários não colocaram nenhuma contraproposta na mesa, uma vez que esperam a definição do índice do INPC anual. A primeira rodada, assim, foi dedicada às análises do cenário que vivemos. “A negociação se dá no momento do fechamento de um ciclo, que arrochou o mercado interno, estrangulou o setor industrial – que poderia puxar o desenvolvimento econômico – e enfrentou uma crise internacional que estrangulou, também, o mercado de exportação. No nosso entendimento, não é o custo da força de trabalho que paralisa o crescimento, pelo contrário, força de trabalho empregada, serviço público robusto, é o que garante o mercado interno de consumo, especialmente o mercado interno da indústria em Santa Catarina”, afirmou o economista Maurício Mulinari, técnico do Dieese-SC na subseção da Fecesc.

De acordo com ele, abre-se agora um novo ciclo, dos quais já se tem indicativos importantes em relação à política salarial. “Depois de anos de congelamento do salário mínimo, agora já se indica, no pior dos cenários, um ganho real significativo, o novo contexto está apontando para a retomada da política de expansão salarial”, defendeu.

O supervisor técnico do Dieese-SC, José Álvaro Cardoso lembrou que nos últimos anos, principalmente com as políticas do governo Bolsonaro, houve uma perda salarial para a maioria das categorias, mas, ainda assim, as negociações ocorridas no estado garantiram a manutenção do valor real das quatro faixas do Piso. “Nesta mesa aqui houve um reconhecimento que não ocorreu na maioria das mesas de negociação do país, da importância do salário para fomentar o mercado consumidor interno”, afirmou. Entretanto, o economista chamou atenção para o fato de que esta negociação trata do Piso mínimo, ou seja, dos menores salários, destinados em sua maior parte para alimentar os trabalhadores. É na alimentação, conforme lembrou José Álvaro, onde os índices inflacionários são mais sentidos: a Cesta Básica medida pelo Dieese em novembro apontou que um trabalhador adulto em Florianópolis precisou de R$ 776,14 para comprar os 13 itens alimentícios em quantidades suficientes, para garantir, durante um mês, o seu sustento. O valor gasto por um trabalhador em Brusque foi de R$ 636,68. “Por isso nossa convicção em defender um ganho real no Piso, para garantir a subsistência desse trabalhador”, argumentou.

A história do Piso escrita pelos trabalhadores

Logo no início da negociação, o coordenador sindical do Dieese-SC e diretor da Fecesc, Ivo Castanheira, apresentou aos empresários o livro ‘Piso Salarial de Santa Catarina - Uma luta para não esquecer’, lançado no mês de julho deste ano. O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar se fez presente para receber um exemplar do livro, que também foi oferecido a cada um dos empresários e assessores presentes. Castanheira destacou que o relato pelo ponto de vista dos trabalhadores foi construído com a participação de mais de 100 entidades, reunindo o movimento sindical de todo o estado. “Registramos o nosso ponto de vista, mas é o relato de um processo em que os dois lados da mesa escreveram a história”.


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