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a polêmica continua

Presidente do Sintrafite classifica acusações de Luciano Hang como “um teatro”

Aníbal Boettger esclareceu a versão dos sindicatos no processo de venda do imóvel da Schlösser para a GBA Têxtil, que já foi suspenso

Publicado em 29/01/2021 às 04:38
Atualizado em

(Foto: Thiago Facchini/Portal da Cidade Brusque)

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Malharia, Tinturaria, Tecelagem e Assemelhados de Brusque (Sintrafite) e o Sindicato dos Mestres e Contramestres da Indústria Têxtil (Sindmestre) realizaram uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (28) para esclarecer a versão dos sindicalistas em relação a polêmica envolvendo a venda do imóvel da Schlösser, em que o empresário Luciano Hang os acusou de fraude. O presidente do Sintrafite, Aníbal Boettger, respondeu dizendo que o dono da Havan fez “um teatro” para a impresa.

Por inúmeras vezes Boettger criticou a atitude de Hang em alegar que foi vítima de uma “emboscada” dos sindicatos. "Nós temos administradores sérios e honestos. Aqui não tem amadorismo. Aqui não tem administrador que dá golpe e, da mesma forma, não promove emboscada", afirma.

De acordo com os sindicatos, anos atrás a Havan já possuía interesse em comprar o imóvel. O corretor de imóveis Rogério Valle, representando a empresa de Hang, formalizou uma proposta no dia 13 de março de 2018. Porém, Aníbal alegou que os valores não agradavam. “O sr. Rogério Valle dizia de forma incessante que os valores eram irreais e que [o imóvel] não valia aquilo tudo. Isso de forma quase mensal. Eu sempre falei a ele que quando viesse uma proposta decente, nós chamaríamos os legítimos funcionários da Schlösser”, diz.

A proposta inicial de Hang, que desagradou Aníbal, teria sido de R$ 500 mil de entrada e pagamentos de R$ 100 mil efetuados em cinco meses, documento em que Rogério Valle assinou. Assim, Aníbal pediu para que ele voltasse em breve e melhorasse a proposta.

Porém, ainda segundo o Sintrafite, a partir desta data Rogério Valle continuou procurando o presidente do sindicato, dizendo que o imóvel estaria acima do valor do mercado imobiliário e que se tratava de um preço que o sindicato não iria conseguir vender, por conta de uma vala que há nos fundos do local. Assim, Valle, representando Hang, não teria mais propostas para fazer.

Aníbal alegou então que não haveria problema em não fechar o negócio naquele momento, pois o maior problema para os funcionários aconteceu quando a empresa fechou, segundo ele. Então, o sindicato esperaria e os colaboradores estariam também dispostos a aguardar uma proposta "decente", conforme disse o presidente do Sintrafite.

Assim, Rogério Valle teria se retirado e marcado uma reunião com Aníbal na Havan, pois o primo de Luciano, Nilton Hang, queria falar com ele. Assim, Nilton ofereceu uma nova proposta, que era de R$ 500 mil reais de entrada. Após 30 dias, mais R$ 500 mil e, depois de mais 30 dias, mais R$ 500 mil.

Apesar de ainda achar a proposta abaixo do desejado, Aníbal pediu para que os valores fossem formalizados, e no dia 17 de dezembro o sindicato recebeu a proposta da Havan. A assembleia para que os funcionários aprovassem ou não foi marcada e, um dia antes, os sindicatos foram informados de que teria uma proposta da GBA Têxtil, que foi colocada no papel e protocolada.

Porém, isso ocorreu na manhã da assembleia, no Sintrafite. Assim, o sindicato alega ter chamado Nilton e ter mostrado a outra proposta, afirmando que não havia exclusividade para a Havan. Na oportunidade, Aníbal perguntou se a rede de lojas tinha interesse em melhorar os valores. Nilton teria ficado bravo e falou que poderia vender o imóvel para a GBA Têxtil.

Após as acusações do diretor-presidente da rede de lojas, Luciano Hang, em que afirma que houve fraude na venda do imóvel para a GBA Têxtil, o processo foi suspenso. Segundo Aníbal, quando Hang afirmou que iria judicializar a venda, o Sintrafite e o Sindmestre decidiram que iriam solicitar à empresa vencedora, GBA, para que o processo fosse suspenso e uma nova assembleia fosse realizada.

Ele reforçou que não houve ilegalidade, mas disse que os sindicatos se preocupam com as famílias dos funcionários da Schlösser, que aguardam os devidos recebimentos de seus créditos. Ainda segundo o presidente do Sintrafite, os sindicatos temem que a judicialização do processo possa resultar em até uma década de atraso. Assim, a GBA Têxtil entendeu e acatou a solicitação dos presidentes dos sindicatos.

“Diante dessa sacanagem com essas famílias que esse senhor, o Luciano, anunciou que iria fazer, nós nos reunimos de forma muito responsável e chamamos a GBA Têxtil para uma reunião, solicitando que aceitassem suspender a venda", disse Aníbal. Em seguida, o presidente do Sintrafite agradeceu a compreensão da empresa.

Representando a empresa, o advogado da GBA Têxtil Fabrício Gevaerd esteve presente na coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira pelos sindicatos. Ele reforçou que a malharia acatou o pedido do Sintrafite e do Sindmestre em suspender o processo, mas disse que a GBA não desistirá da compra do imóvel.

"Nós gostaríamos, em nome da GBA, que ele (Luciano Hang) entrasse com essa ação na Justiça. Mas após esse pronunciamento do dono da Havan, nos veio o pedido, de forma muito humilde e legítima, dos presidentes dos sindicatos, no sentido de suspender a negociação", disse Gevaerd.

Por fim, o advogado afirmou que a empresa seguirá participando das negociações para adquirir o imóvel. "A GBA permanece no jogo e estará, sim, presente nos próximos atos", finaliza.

O presidente do Sintrafite afirmou que nos próximos dias os sindicatos irão escolher a nova data para concluir o processo de venda novamente. A reportagem de Portal da Cidade buscou contato com a Havan para trazer a versão de Luciano Hang, questionando se o empresário tentaria novamente a compra do imóvel. Até o fechamento da matéria a assessoria de Hang não enviou respostas do empresário.

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