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CATARINENSE 2020

Agora adversário, João Ricardo reencontra Brusque em decisão histórica

Goleiro da Chapecoense, que estreou como profissional no Bruscão, revela seu carinho pelo clube e não fecha as portas para um retorno no futuro

Publicado em 07/08/2020 às 02:32
Atualizado em

(Foto: Márcio Cunha/ACF)

A decisão do Campeonato Catarinense entre Brusque e Chapecoense marcará além do retorno do Quadricolor a uma decisão do estadual após praticamente 28 anos, um reencontro especial. O goleiro João Ricardo, hoje no time do Oeste, é oriundo das categorias de base do Bruscão, onde fez sua estreia como profissional e foi o dono da camisa 1 até 2012.

Casado com uma brusquense, ele reside na cidade até hoje, quando não está em competições pelo Verdão. Na primeira fase do Campeonato, o arqueiro atuou contra o Quadricolor na derrota da Chape por 1 a 0, mas no Augusto Bauer, será a primeira vez que o arqueiro pisará como adversário.

Natural de Mariano Moro (RS), a trajetória de João Ricardo no Brusque começou em 2008. Ele estava no Concórdia quando foi trazido pelo Bruscão para disputar o Campeonato Catarinense de Juniores daquele ano. Nesta competição, o clube do Vale fez grande campanha e ficou com o vice-campeonato, revelando também jogadores como João Neto, Tom e Valdo, utilizados no time profissional. O agora adversário na decisão histórica, não esconde seu carinho pelo Brusque. “Foi o clube onde tive meus primeiros jogos como profissional, meu primeiro título (Copa Santa Catarina 2010), que me colocou no cenário. Continuo acompanhando de longe o desenvolvimento do clube e fico feliz por essa ascensão. A cidade e o clube mereciam chegar na Série C pelas pessoas sérias que se doam para ver o Brusque bem. Fico na torcida para que possa quem sabe alcançar uma Série B”, revela.


João Ricardo na época de Brusque. Foto: Jandyr Nascimento

Estreia "por acaso"

O arqueiro da Chapecoense estreou no profissional do Bruscão quase que “caindo de paraquedas”. Na sexta rodada do returno do Campeonato Catarinense, em uma partida contra o Atlético de Ibirama, no Alto Vale do Itajaí. O jovem João Ricardo, com apenas 21 anos, era a terceira opção entre os goleiros. Mas quis o destino que Wender e Marimon, os outros goleiros, se lesionassem e a partir daí iniciou-se uma trajetória de sucesso. Ele foi um dos destaques da partida e garantiu o 0 a 0 em uma noite chuvosa de 24 de março de 2010. “Foi um momento que ficou marcado na minha carreira, eu nem estava esperando por aquela oportunidade e ela chegou. Sempre fui um cara que se dedicou muito para estar bem quando a chance chegasse. Agradeço ao Hélio Vieira (treinador da época), ao Pereira (lateral direito) e os jogadores da época que mostraram confiança e me apoiaram muito para que tudo ocorresse da melhor maneira. Naquele momento, o time estava em uma situação de luta contra o rebaixamento e depois acabamos classificando para as semifinais”, relembra. 

Carinho da torcida

O jogador até hoje é muito querido pela torcida do Brusque. Ele conta que até hoje recebe o afeto dos torcedores em redes sociais e quando está no município. “Na verdade, eu não tenho uma noção exata (do carinho da torcida), e quando vou à cidade para passar as férias, alguns torcedores vêm falar comigo, mas procuro não sair muito, fico mais com a família. Eu sei que a torcida gosta muito de mim”. Quando se firmou como titular, ele foi peça chave no título da Copa Santa Catarina de 2010, quando o Bruscão era comandado por Joceli dos Santos.


Em ação em partida pela Copa Santa Catarina de 2010, quando foi campeão. Foto: Helio Suenaga

Superação em meio a pior crise da história do Brusque

Ele relembra também como foi viver o pior momento da história do clube, em 2012. Com a troca de diretoria, o clube passou por sua maior crise financeira e administrativa. Os resultados dentro de campo foram pífios e refletiram todas essas dificuldades: o Bruscão foi rebaixado somando apenas 8 pontos em 18 rodadas. “Houveram alguns cortes financeiros em termos de contratações. Eu estava apenas iniciando no futebol e aquelas crises eram coisas novas de se lidar naquele momento, com salários atrasados..., mas tudo serviu de aprendizado para o futuro e muitas lições ficaram daquele ano”, admite. 

Cidadão honorário

João Ricardo virou praticamente um cidadão brusquense. A esposa, Mariana, é da cidade e ele já enxerga um futuro no município quando decidir pendurar as luvas. “Foi uma cidade que me acolheu muito, onde construí uma família. Hoje, eu tenho residência em Brusque e posso dizer eu foi onde tudo começou. No futuro, quando eu encerrar minha carreira, será a cidade onde irei morar”, conta. Seria possível, então, um retorno do goleiro para defender as traves do Bruscão? Ele não rechaça a possibilidade. “Quem sabe no futuro, se tiver uma possibilidade, se as portas se abrirem, eu possa voltar. Tenho muita admiração pelo clube e por mais que eu esteja de longe, fiz muitos amigos”, deixa em aberto.

Carreira pós-Brusque

Depois do fim do ciclo no Brusque, João Ricardo ainda passou por times como Paysandu (PA), Icasa (CE) e Paraná (PR) até chegar ao América Mineiro. No Coelho, conquistou o acesso para a Série A, com o goleiro em campo em 37 dos 38 jogos disputados. Em 2017, o clube voltou a disputar a Série B, quando João Ricardo foi campeão, seu primeiro título de porte maior. No América, também, completou mais de 200 jogos e conquistou a idolatria da torcida. Chegou a Chapecoense somente em 2019, onde se firmou como titular.

No ano passado, ele viveu um drama, quando foi suspenso preventivamente ao ser flagrado no exame antidoping. O atleta teve constatada a presença de uma substância proibida na amostra de urina coletada diante do Mixto, dia 6 de março, pela Copa do Brasil. Porém, ele foi absolvido da acusação posteriormente e pôde voltar a atuar. “Passei por momentos difíceis, fiquei afastado, mas graças a Deus conseguimos provar minha inocência, num processo demorado. Fico feliz por esse ano as coisas estarem se encaminhando bem, o clube está se reestruturando e as coisas estão começando a voltar ao normal”, comemora.


João Ricardo está na Chapecoense desde 2019. Foto: Márcio Cunha/ACF

Retorno ao Brusque é desejo do clube

André Rezini, Diretor de Futebol do Brusque, elogia o jogador e diz que a diretoria mantém a amizade com ele. “Tenho o maior carinho e respeito pelo João Ricardo, entendo que ele poderia estar em clubes até maiores do futebol brasileiro”, opina.

Ele também mantém as portas abertas para o goleiro e admite o desejo do clube de poder um dia voltar a contar com um dos atletas mais bem sucedidos surgidos na base. “Temos essa vontade, mas isso depende de uma série de fatores. O Brusque gostaria de um dia poder ter a volta do João Ricardo, porque se trata de um grande goleiro que teve uma passagem na base e no profissional do clube, além da relação familiar com a cidade. Desejamos que ele possa ainda crescer muito na sua carreira”, finaliza.


por Celio Bruns Jr

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