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a base vem forte

Celeiro do voleibol, projeto de Nova Trento é destaque na formação de atletas

Jogadoras como a brusquense Karoline Tormena e a neotrentina Rosamaria passaram pela equipe de base de Nova Trento

Publicado em 30/09/2020 às 04:02
Atualizado em

(Foto: Reprodução)

Além de ser a capital do turismo religioso, Nova Trento é também o point nacional quando se trata na formação de grandes atletas de voleibol. O projeto ‘Voleibol Nova Trento’, encabeçado por Vandelina Tomasoni Ribeiro, a Vandeca, atende meninas que sonham em ser profissionais e a comunidade em geral.  

Voltado para o lado de formação, valorizando toda a parte física das jogadoras e a rotina de treinamento, o projeto de vôlei possui uma equipe de base, a Nova Trento/TIM. O time neotrentino já formou várias atletas que alcançaram um grande patamar na modalidade, seja atuando na Superliga Brasileira de Voleibol Feminino ou até em equipes do exterior.

É necessário primeiramente entender como começou essa iniciativa da Vandeca. Em 1998 ela foi convidada para trabalhar com um grupo de meninas da cidade e aos poucos as coisas foram acontecendo. Como sempre possuiu uma boa relação com o vôlei e, inclusive, foi atleta, Vandeca dedicou boa parte de sua vida trabalhando em cima da escolinha e da equipe de Nova Trento. “Hoje o projeto existe por causa da Vandeca e a Vandeca existe por causa do projeto, uma coisa passou a se unir a outra”, diz.


Equipe comemorando a vitória. Foto: Reprodução

E a história desta iniciativa de Vandeca foi ganhando seus primeiros traços de sucesso logo no início, quando os bons resultados começaram a aparecer nas competições escolares e estaduais. A partir destas conquistas, a ideia em trazer outras meninas para compor o time de base começou a sair do papel.

As dificuldades em se manter no esporte é evidente. Muitas vezes com pouca valorização, principalmente projetos de base, os sonhos de muitos atletas não podem ser concretizados por conta de dificuldades financeiras de seus familiares. Vandeca, que já investia muito nesta iniciativa, passou a buscar recursos. A patrocinadora master e que carrega o nome da equipe, a TIM, é uma das empresas que acreditou neste projeto de base, apesar da pouca valorização e visibilidade do atleta quando ele ainda não atingiu o ápice da carreira.

“A TIM prioriza o investimento em projetos que incentivam a educação e o desenvolvimento de jovens. O projeto de vôlei feminino de Nova Trento é um celeiro de talentos, inclusive para a Seleção Brasileira há duas décadas. É uma referência de como o esporte pode ser um veículo de oportunidade e transformação, motivando o nosso compromisso com a equipe e com a comunidade neotrentina e região”, pontua Leandro Guerra, diretor de Relações Institucionais da TIM Brasil.

Além do patrocinador master, o projeto é mantido também em parceria com a Prefeitura de Nova Trento e viabilizado pelo Fundo da Infância e Adolescência (FIA) e a Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério da Cidadania/Secretaria Especial do Esporte, além de apoios de empresas do município.


TIM, uma marca estampada na camiseta do time. Foto: Reprodução

Além da busca incessante pela formação de atletas, o projeto vai muito além. Ele é voltado também para toda uma parte social. Além de oportunizar a garota que sonha em ser profissional, o Voleibol Nova Trento envolve crianças e famílias. Os treinos na escolinha de iniciação são realizados de forma diferenciada, buscando incentivar a prática do esporte, ao invés de almejar um grande rendimento do atleta. Por outro lado, a parte de formação possui um trabalho direcionado, com academia e treinamentos mais específicos. O professor Marcelo Garim e um assistente trabalham nessa questão do rendimento. Vandeca fica com a escolinha e é responsável pela parte administrativa.

“Toda criança que quer praticar um esporte é recebida e não é cobrado nada. O projeto oportuniza também aquela menina que quer se tornar uma atleta de potencial. Espaço tem para todo mundo. Muitas pessoas não conseguem realizar seus sonhos por falta de oportunidade. Então, se a gente tem essa capacidade, se a gente pode dar essa oportunidade, porque não?”, questiona Vandeca.

Atingindo grandes patamares à nível nacional, o sucesso da equipe e toda parte social conquistou bons olhares de grandes atletas do vôlei, como Bruninho, que é padrinho desta iniciativa. “Decidi apadrinhar esse projeto pois sei da seriedade da Vandeca e da paixão dela por voleibol e por formar jovens atletas ou ótimos cidadãos. O esporte feito como esse projeto de Nova Trento deve ser espelho para que as pessoas enxerguem o esporte como uma ferramenta fundamental na sociedade”, diz.


Bruninho e Vandeca juntos. Foto: Arquivo pessoal

Muitas jogadoras que hoje possuem grande visibilidade no cenário nacional e internacional de voleibol são ‘crias de Nova Trento’. A brusquense Karoline Tormena é uma delas. Hoje Karol atua pela VIU Mariners, uma equipe universitária canadense. Em 2014 ela deixou o projeto de Nova Trento para fechar com o Minas Tênis Clube, uma das equipes que disputa a Superliga de Voleibol.

Em entrevista, Karol lembrou da época que passou por Nova Trento e falou das portas que foram abertas por meio do projeto. “Minha passagem pelo Voleibol Nova Trento foi muito importante para a minha carreira. No ano que cheguei lá, em 2010, já comecei a participar de campeonatos nacionais, que anteriormente eu não tive oportunidade. Eu cheguei lá e já pude jogar o Jebs (Jogos Escolares Brasileiros). Comecei a ser convocada para a Seleção Catarinense e Brasileira”, afirma.

Ainda no ensino médio, Karoline deixou Brusque para morar na cidade vizinha na tentativa de seguir carreira. Antes ela jogava pelo Colégio São Luiz e pela Sociedade Esportiva Bandeirante. “Foi um lugar que me fez crescer muito e aprender muito. Fez com que eu pudesse seguir meu sonho. Foi um projeto muito bom para mim e continua sendo muito bom lá”, diz.


Karoline Tormena hoje atua no Canadá. Foto: Reprodução

As ‘atletas da casa’ não poderiam ficar de fora. A neotrentina e fenômeno do vôlei feminino, Rosamaria Montibeller, hoje jogadora da equipe italiana Volleyball Casalmaggiore, iniciou no Nova Trento/TIM e é natural da cidade. Ela coleciona diversos títulos pela Seleção Brasileira e conquistou o carinho da torcida verde e amarela. Foi vista também com bons olhos quando atuou pelo Pinheiros, Minas Tênis Clube e pelo Praia Clube, na Superliga.

Procurada pela reportagem, Rosamaria falou sobre o projeto que a revelou. “Ter iniciado no Voleibol Nova Trento fez toda a diferença no decorrer da minha carreira. Iniciei quando era apenas uma criança e todos os valores que aprendi ali aplicavam-se muito além do vôlei”, conta.

“Nunca estivemos só para aprender técnica e tática, mas também aprendemos sobre respeito, educação e trabalho em equipe. Com certeza essa base me levou a conquistar tudo o que conquistei. Hoje em dia o projeto é reconhecido Brasil afora por todo esse diferencial. Tenho muito orgulho de ter meu nome envolvido nessa história.”, ressalta.


Rosamaria vestindo a camiseta da Seleção Brasileira. Foto: Reprodução

Além de Rosamaria, Raquel Loff também é um exemplo de atleta que foi ‘criada’ no vôlei neotrentino e que hoje atua no exterior. Na Eslováquia, Loff joga pela Slavia EU Bratislava. Em 2010 ela trocou a Bahia pelo interior de Santa Catarina, quando foi convidada pela Vandeca para fazer parte do Nova Trento/TIM. “A passagem pelo Voleibol Nova Trento não só auxiliou na minha carreira como deu o ‘start’. Antes de eu ir para Nova Trento eu não tinha a rotina de treinamentos que eu tive lá, como de academia, por exemplo. Nova Trento foi o meu despertar para a vida profissional. Foi lá que eu vi que era isso que eu queria para a minha vida. Foi lá que eu tive minhas primeiras experiências com jogadoras do país inteiro (...) Ter sido cria de Nova Trento, não foi só muito importante para mim como eu tenho orgulho disso”, afirma.”, diz.


Loff em ação. Foto: Reprodução

A florianopolitana Daniela Cechetto, hoje atleta do EDC Bradesco, chegou muito nova ao município de Nova Trento e aos poucos foi conquistando seu espaço, até conseguir assinar contrato com uma grande equipe. Para ela, o projeto de Vandeca foi fundamental nos rumos de sua carreira. “Eu acho que me ajudou muito não só na questão técnica, mas, também, em tudo o que eu aprendi lá. Foi um dos primeiros lugares que eu comecei a jogar. Eu fui muito nova para Nova Trento, tinha 12 anos. Eu acredito que morar sozinha me fez amadurecer bastante. Tem coisas que eu aprendi lá, com o Marcelo, com a Vandeca e com as meninas que conviveram comigo, que são princípios que eu levo até hoje. Sem dúvidas lá é uma família gigante, tudo o que eles faziam pela gente, não teria lugar que faria igual”, diz.


Cechetto atuando em partida pelo Bradesco. Foto: Reprodução

Gabriella Rocha é outro exemplo que foi cria do projeto. De Içara para Nova Trento e de Nova Trento para o mundo. Hoje ela veste a camisa do Sporting CP de Portugal, com passagens por grandes equipes da Superliga, como Bradesco, Praia Clube e São Caetano. “O Voleibol Nova Trento ajudou muito a impulsionar a minha carreira profissional, lá aprendi a ser disciplinada, focada nos objetivos e evolui muito tecnicamente com os melhores profissionais, capacitados e prontos para dar suporte e formar as atletas mais novas até alcançarmos o nível profissional. Evoluindo tecnicamente, lá eu tive a oportunidade de participar de campeonatos que me deram visibilidade à nível nacional, com isso ajudando a alcançar meus objetivos”, afirma.


Gabriella Rocha comemorando. Foto: Luciano Belford

Gabriella Rocha, Vandeca e Rosamaria juntas. Foto: Arquivo pessoal

por Thiago Facchini

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