Com mais de 200 mil casos confirmados no mundo e ao menos 8 mil mortes, o surto de COVID-19, declarado pandemia pela Organização Mundial da Saúde, desatou uma crise global como há muito tempo não se via.
Entretanto, a história pode nos ajudar a pôr em perspectiva o que está acontecendo. Apesar da gravidade desta pandemia originada na China em novembro de 2019, ela ainda está longe de ser a mais letal da história. A seguir, relembramos as pandemias mais significativas já registradas.
Peste antonina (165-180): 5 milhões de mortes
Quanto mais voltarmos no tempo, menores são as precisões que temos sobre as doenças e suas gravidades. Porém, há evidências históricas que são mais que suficientes para saber que a peste antonina foi devastadora em seu tempo. A infecção surgiu no Império Romano após o regresso de tropas que haviam combatido no Oriente Médio. Acredita-se que a doença pode ter sido varíola ou sarampo, mas não há um consenso entre os historiadores.
É conhecida como peste antonina pelo nome da dinastia vigente em Roma na época. De fato, há indicios de que o imperador Lucio Vero, que governava em conjunto com seu irmão adotivo Marco Aurelio, morreu no ano 169, vítima desse mal. Atualmente se estima até 5 milhões de mortos, o que a converteria na sétima pandemia mais letal da história.
Praga de Justiniano (541-542): 30-50 milhões de mortes
O principal local afetado pelo surto foi Constantinopla —atualmente Istambul—, capital do Império Bizantino (Império Romano do Oriente). A origem veio dos ratos que chegavam nos barcos mercantes provenientes de diferentes locais. Esses ratos estavam infestados de pulgas infectadas.
O Imperador Justiniano I também contraiu a doença, mas sobreviveu. Calcula-se entre 30 e 50 milhões de mortes como consequência da pandemia. Isso a torna a quarta maior da história.
Epidemia de varíola japonesa (735–737): 1 milhão de mortes
Considerada a pandemia mais mortífera e com o impacto mais duradouro na história da humanidade. Se crê que o surto começou na Ásia Central, e aí passou pela Rota da Seda até chegar à península de Crimeia —disputada entre Rússia e Ucrânia na atualidade— em 1343. Hospedada nas pulgas dos ratos, se espalhou por toda Europa usando como meio de transporte os barcos dos comerciantes;
Há uma divergência sobre os números. Os mais conservadores defendem que matou 30% da população europeia, porém, as mais audazes dizem que até 60% pôde haver morrido como resultado da pandemia. A Europa tardou 200 anos para recuperar seu nível anterior de habitantes, embora algumas regiões, como Florência, tardaram até o século XIX.
Varíola (1520): 56 milhões de mortes
Era uma doença desconhecida no continente americano, mas chegou com os europeus. Foi introduzida primeiro no qu atualmente é o México pelos espanhóis e foi determinante na queda do Império Azteca. É considerada a segunda maior pandemia da história, e estima-se que matou até 90% da população nativa americana.
Grandes pestes do século XVII (1600): 3 milhões de mortes
Foram distintos surtos de peste bubônica que tiveram diferentes epicentros ao longo do século. Um dos mais significativos foi a grande peste de Londres, que durou de 1665 a 1666, e foi a última grande epidemia de peste bubônica na Inglaterra.
Grandes pestes do século XVIII (1700): 600 mil mortes
Foram diversas epidemias que surgiram em distintos países. A mais importante foi a peste russa de 1770-1772, também conhecida como a peste de 1771. Morreram entre 52 mil e 100 mil pessoas somente em Moscou, cuja população reduziu-se em um terço.
Cólera (1817-1923): 1 milhão de mortes
A falta de tratamento dos excrementos humanos e a ausência de água potável são os principais responsáveis pela propagação da cólera. Entre 1817 e 1923 se produziram as seis pandemias desta doença em distintos pontos do continente asiático.
A terceira peste (1855): 12 milhões de mortes
A terceira pandemia de peste bubônica surgiu em Yunnan, na China, durante o quinto ano do imperador Xianfeng da dinastia Qing. Espalhou-se por todo o mundo, embora nenhum outro lugar sofreu um impacto tão mortífero como a Índia, que teve 10 milhões de mortos. É a sexta pandemia mais letal da história.
Febre Amarela (final dos anos 1800): 100 mil – 150 mil mortes
Gripe espanhola (1918-1919): 40-50 milhões de mortes
Gripe russa (1889-1890): 1 milhão de mortes
O vírus gripe A subtipo H2N2 se encontra nas aves y, segundo alguns investigadores médicos, surgiu pela primeira vez na Rússia em 1889.
VIH/AIDS (1981-atualidade): 25-35 milhões de mortes
A Aids é causada por um vírus de imunodeficiência humana que se originou em primatas na África central e ocidental a princípio do século XX. Atualmente há 37,9 milhões de pessoas que estão infectadas com VIH em todo o mundo, e só em 2018 morreram 770 mil pessoas por esta doença. A África subsaariana é a região mais afetada, e 61% das novas infecções tem origem ali.
Gripe Suína (2009-2010): 200 mil mortes
Foi a segunda pandemia causada pelo vírus da gripe H1N1, cquase um século depois da gripe espanhola. Se originou quando os vírus das gripes aviária, suína e humana se combinaram com um vírus da gripe suína euroasiática, razão porque é conhecida como Gripe Suína.
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