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Opinião

Bandas e fanfarras perdem Rui Zimmermann, grande percursor do movimento em SC

Hoje a coluna Sem Blá, Blá, Blá! homenageia uma grande figura que nos deixou na madrugada desta quarta-feira (22)

Publicado em 21/07/2020 às 21:24

(Foto: Arquivo Pessoal)

Já parcialmente silenciadas há alguns anos pelo desaparelhamento em massa, pela falta de interesse dos governantes e de nossos jovens; e, mais recentemente, pelo novo coronavírus, as bandas e fanfarras de Santa Catarina se unem em um silêncio que serve de tributo e réquiem para um dos grandes precursores dessa sublime arte.

Morreu nesta madrugada, com 76 anos de idade, Rui José Heusi Zimmermann. Vítima de uma parada cardiorrespiratória, morreu um dos maiores entusiastas bandísticos de todo o Brasil. Galhota, como é carinhosamente chamado o trecho que separa as cidades de Gaspar e Ilhota, no bairro Poço Grande, amanheceu quieta e saudosa. Aquela curva onde o “véio dos concursos” morava já não será mais tão alegre, “coruja” e bem-humorada.

Zimmermann deixa dois filhos e uma neta. O gordinho, que há mais de três décadas ajudava a organizar o Concurso de Bandas e Fanfarras de Gaspar - um dos mais tradicionais de todo o país! -, agora está junto de sua amada Laura, olhando orgulhoso para todo o legado que deixou, porém, preocupado com o futuro das bandas e fanfarras que, às custas de apaixonados voluntários, insistem em continuar existindo.

Concurso de Bandas e Fanfarras de Gaspar

“Deixará por aqui muitas saudades. A família Abafavi está de luto. Gaspar perde um ícone. Nós, um amigo, uma referência. Partiu o sorridente, piadista, chorão, o eterno vovô Chuchop Fest”, disse o presidente da Associação de Bandas e Fanfarras do Vale do Itajaí, Sérgio Pacheco.

Apaixonado por bandas e fanfarras que sou (uma bela pauta para outra oportunidade), não poderia deixar de prestar essa merecida homenagem. Rui, sinto muito por não ter feito isso em vida. Se eu puder te pedir algo aí de cima, te solicitaria humildemente que desse uma falada com o Grande Arquiteto do Universo para que ele não deixasse as bandas e fanfarras do Brasil morrerem também.

Muitos não sabem e nunca irão saber o grande poder disciplinador das bandas. Muitos nunca entenderão como elas ajudam a moldar caráter. Eu apenas sinto muito por isso. Gostaria que todos tivessem a oportunidade de sentir o que nós, músicos e integrantes, sentimos quando pisamos em uma quadra de concurso, ou em um desfile cívico.

Neste momento, enquanto escrevo, Rui deve estar sendo recebido com um grande desfile no céu. Como sempre, ele deve estar sentado silenciosamente em sua cadeira, olhando carrancudo para quem ousar atrapalhar a execução da corporação celestial.

Descanse, Rui. Tentaremos manter seu legado por aqui.


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